quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Muitas coisas!!

Olá!! Estava sem conexão com a net, mas escrevi os textos no laptop. Então, leiam a postagem anterior primeiro, ok?? E comentem nas duas!! Um monte de coisa aconteceu depois disso, mas vai ficar pra próxima, ok?

Olá a todos!! Faz um século que eu não posto nada. E eu ainda postei o que eu escrevi antes só agora, isso porque eu disse que ia tentar postar dia 12!! E hoje já é dia 22... Como pode não? Essas semanas foram bem ocupadas com várias atividades, e até que nem tanto com o trabalho, ou pelo menos, menos do que a gente deveria. Contei sobre o orfanato semana passada, né? No final, fomos apenas dois dias para o orfanato, porque os dias seguintes estavam uma loucura por causa do feriado. Apesar do feriado ser apenas na sexta-feira, aqui é a Índia e eles prolongam o feriado meio que à vontade parece. Ou talvez muitas pessoas tenham que viajar vários dias pra chegar em casa.

Os dois primeiros dias de trabalho foram mega cansativos. A gente chegou na hora do almoço os dois dias, e a gente voltou por volta das 4 da tarde. Isso quer dizer chegar em casa só umas sete da noite, tendo saído por volta das 8 ou 9 horas da manhã. Mas a verdade é que, eu não acho que eu tenho energia pra ficar muito tempo com a criançada. Eu gosto de crianças, eu juro que gosto, mas eu não tenho tanta energia pra ficar ‘atraindo’ elas com atividades. Acho que essa é a vantagem dos cuidadores, eles podem deixar as crianças meio que brincando sozinhas. A gente, por outro lado, precisa ficar gritando e tentando chamar a atenção de todo mundo, e ainda por cima, eles não entendem a nossa língua direito, então a gente tem que ficar se contorcendo pra fazer a coisa andar. No primeiro dia a gente não tinha nada planejado, porque afinal a gente nem sabia como o lugar ia ser. Mas a Donna e a Nadine são super jeitosas com as crianças e sabem várias brincadeiras e musiquinhas em inglês pra ficar ensinando, tipo “head, shoulders, knees and toes” ou “If you’re happy and you know it...” e ficavam fazendo as dancinhas pras criancinhas imitarem. Acho que foi bem novidade pra elas. A gente fez algumas brincadeiras também, e aprendeu a jogar um jogo que eles jogam o tempo todo por lá, Cawram, ou algo do tipo, sei lá, que se joga dando um peteleco em umas pecinhas redondas e você tem que derrubá-las em uns buraquinhos nos cantos do tabuleiro, tipo sinuca. É dificinho pegar o jeito de empurrar as pecinhas, e a criançada é muito boa. Me dá a impressão de que elas não tem muito mais o que fazer além disso, sabem? Isso é um pouquinho triste, mas difícil de se resolver. No dia seguinte, a gente preparou uma atividade com glitter pra explicar sobre a importância da higiene e talz, e a criançada se divertiu pra caramba com a cola com glitter que eu encontrei pra levar. A gente fez cartões de Happy Pongal, e ficou brincando até todo mundo estar cheio de glitter. Depois foi hora da conversa séria, e a menina que ajuda a cuidar ficou traduzindo pra gente. As crianças prestam muita atenção, elas são super comportadas e interessadas em tudo o que a gente estava tentando dizer. Foi super bonitinho. A gente preparou atividades pros outros dias com frutas, mas a gente não conseguiu ir pro trabalho. A cidade estava uma loucura! XD não lembro o que a gente acabou fazendo. Acho que a gente foi jantar em um restaurante chamado Paradise, onde a gente encontrou o pessoal do Himanshu’s (é assim que a gente chama o apartamento onde eu fiquei logo que eu cheguei aqui), o Nurjan do Cazaquistão, a Sybil do Haiti, o Medhat do Egito, o Anthony da Nigéria, a Sophie de Taiwan. E nós claro, eu e a Pri, a Jan, Donna e Nadine. Foi divertido, e a comida estava muito boa. No dia seguinte, depois de tentar ir pro trabalho conseguimos lugar pra ficar no Himanshu’s e nos mudamos pra lá. De noite, fomos no Hard Rock Café Hyderabad, depois de andar um pouco pelo shopping. Foi legal, bem diferente de tudo aqui. Banda de rock ao vivo, um ambiente totalmente diferente do que a gente está acostumado a ver por aqui. Mas mega caro. Tinha couvert artístico também. Mas pelo menos eu comi meu hambúrguer de carne de vaca, apesar de pagar o preço por isso. xDDD

No dia seguinte, fomos pra Shilparamam em Hitech city. Acho que escrevi sobre isso no blog, em alguma das passagens curtas pela net. Falei sobre as coisas que eu comprei né? Depois fomos no super shopping. Foi divertido. Acho que saímos ainda depois disso, fomos no club 8 encontrar os meninos para nos despedirmos da jan. Foi divertido, e depois fomos pra um clube chamado sixth element, onde o Eeshan ia discotecar. Como sempre, o lugar estava vazio, mas a gente se diverte por conta própria. Tinha uma menina russa, um queniano, um indiano que já foi pro Brasil. Conheci a japonesa que estuda no Canadá e foi fazer uma pesquisa na Sanfran. Depois desse clube que deve ter fechado por volta da uma e meia da manhã, o plano era encontrar mais um aberto, mas a gente não conseguiu porque a polícia estava fazendo rondas pela cidade. Então a gente foi buscar a Belle, de Taiwan em Paryatak Bhavan. E parou perto de casa pra comer Chicken Sharma às 3 ou 4 da manhã na rua, depois de esperar um tempo pra Polícia ir embora e a ‘lanchonete’ reabrir. A gente também teve que ir andando, porque o Ani não tem carteira de motorista, assim como quase nenhum dos outros AIESECers, e todos são menores de idade por aqui. Foi um dia divertido.

No dia seguinte a gente foi almoçar no Point Pleasant pra nos despedirmos da Jan, e comemos Biryani de novo. De tarde fomos levá-la pro ponto de ônibus, e depois fomos até a casa do Neeraj pras comemorações de Sanskriti, Pongal, ou sei lá como se chama. Fomos empinar pipas no terraço do prédio dele, e foi super legal. De noite eles amarram umas lanternas de papel com velas dentro na linha da pipa e fica lindo ver as lanternas flutuando no céu. Depois disso, ainda comemos na casa dele a comida da mãe dele que é super legal e nos convidou pra voltar lá alguma hora. Ela é artista, e é muito boa! ^^ foi super divertida a tarde, o céu indiano com as milhares de pipas voando, ser ‘co-pilota’ do Ani tentando cortar as linhas das outras pipas, amarrando as linhas com cerol, e o pôr-do-sol ao fundo... sabe, o Du disse outro dia que estava preocupado comigo porque as coisas aqui estão sempre ruins, mas ao mesmo tempo sempre estão boas, e ele estava preocupado com o que isso quer dizer e tal, mas acho que é isso sabe, as condições estão sempre meio ruins, mas ao mesmo tempo, a Índia é tão maravilhosa, e estar aqui agora, escrevendo, ouvindo a conversa da Pri com a Akari, com as taiwanesas, e isso é simplesmente maravilhoso, tanto que eu estou disposta a enfrentar qualquer situação de moradia pra ficar aqui com essas pessoas. Eu já estou começando a ficar triste que daqui a duas semanas é bem provável que eu esteja deixando Hyderabad pra ir viajar, e parece que eu quase não tenho mais tempo pra passar aqui com os meus amigos. Por outro lado, parece que o trabalho nunca vai acabar... =P

Depois de tudo isso, eu ainda sai com a Jenita, porque eu tinha prometido e ela estava me abrigando na casa dela, apesar de eu não estar realmente com vontade de sair. A gente saiu pra uns lugares chiques, que ficavam em hotéis, e só um pessoalzinho muuuito high society. Eu tinha um ‘par’ pra noite, que era um saco, porque ele estava dando em cima de mim muito insistentemente nas primeiras horas, e é claro que eu não estava nem um pouco a fim. Pra piorar as coisas ele é personal trainer de celebridades por aqui, então imagina como eu estava feliz com a situação. De qualquer modo, eu queria ter ido uma vez porque eu estava super curiosa pra ver como era essa cena noturna de hyderabad, e eu até fui num hotel sete estrelas com vista pro lago. O lugar era realmente lindo, e o cara finalmente parou de dar em cima de mim, e ele não era a pior companhia que eu poderia esperar. Se ele tivesse só ficado conversando normal desde o início a noite até poderia ter sido um pouco divertida. Depois disso, fomos comer Sharma em algum outro lugar, e estava uma delícia. E daí voltamos para casa.

Dormi umas duas horas e acordei pra ir pra Ramoji Film City com a Donna, o Medhat, a Ruth (Filipinas) e a Sophie. Imaginem como eu estava cansada. Mas o passeio foi legal. A gente viu alguns cenários realmente bonitos, como o interior de um palácio, alguns jardins, etc. Conheci melhor o Sohil, que é amigo da Donna, e ele é bem legal também. A gente foi num brinquedo daqueles que giram até vc ficar de ponta cabeça, e eu fiquei comentando com ele sobre como o que dava mais medo era o fato da gente estar na índia, e será que aquele brinquedo era seguro? xD foi bem divertido, a gente fez um tour pelo lugar, foi em alguns dos brinquedos deles com filminhos toscos, comeu junk food o dia todo. Foi um pouco assustador de tarde quando a Donna desmaiou, ela simplesmente caiu dura no chão uma hora, e demorou um tempinho pra gente conseguir acordá-la. Mas ela me contou que isso acontece de vez em quando, e que ela só precisa descansar um pouco que tudo fica bem. Foi um bom dia, apesar de bem cansativo. Depois de tudo isso, ainda fomos no Club 8. Engraçado né? Me levaram em todos aqueles lugares chique, e a gente foi no Hard Rock Café, mas eu ainda prefiro ir pro Club 8 encontrar os meninos da AIESEC e tomar uma cerveja normal. Sei lá, é melhor, eu fico mais à vontade, e a companhia é melhor. O lugar é engraçado porque quase que só tem homem, e depois das onze eles levantam e começam a dançar, mas a gente se diverte com isso... xDD Aparentemente ele tem o apelido de ‘gay club’... Mas é claro que não é de verdade, afinal estamos na Índia, né?

A gente deveria voltar pra dormir na ONG no domingo, mas é claro que eles nos disseram que a gente não podia voltar. Domingo não teve problema, mas depois na segunda-feira a gente ficou sabendo que eles não iam voltar e que a gente não podia ir dormir na ONG até pelo menos quinta-feira, porque a ONG estava mudando de endereço, e o prédio ia ficar fechado. A gente foi conversar com o pessoal segunda-feira, explicando que a Donna precisava das coisas dela porque ela ia viajar terça de manhã, e a gente conseguiu convencer o pessoal a deixar a gente dormir lá segunda de noite. A gente não foi trabalhar não sei porque, acho que por causa dessa confusão lá com a ONG. A gente sabia que eles iam se mudar pra um lugar novo, mas eles nunca disseram pra gente quando. E daí o Ani ficou um pouco bravo comigo e com as meninas, porque foi a gente quem insistiu pra que eles deixassem a gente não ficar na ONG. É que a gente ficou super amigo do pessoal de lá, e a gente não queria que eles perdessem o festival em suas próprias casas. Mas daí ficou parecendo meio que culpa nossa, porque se a gente não tivesse saído, o problema poderia ter sido diferente. De qualquer forma, o que o Sam, nosso chefe, queria que a gente fizesse fosse ir morar no orfanato. Ele estava prometendo que a gente ia terça e quinta-feira a gente estaria de volta, pra morar na nova ONG. Agora eu sei que era mentira, porque eles ainda não mudaram, mas na hora eu estava quase acreditando e indo, apesar de eu já saber que eu não posso confiar na palavra dele. Mas me falaram pra não fazer isso, que se a gente fosse, a gente não voltava mais. Era verdade, ao que parece. A gente ainda estaria lá. E ainda aconteceram outras coisas que fizeram eu perceber que foi mesmo uma boa decisão não ir pra lá. A gente ficou um tempão conversando com o Sam, e no final das contas, ficou tudo na mesma. A Belle foi com a gente, e ela ficava tentando falar às vezes do problema dela, mas que não tinham nada realmente a ver com a conversa do momento e a gente tinha que pedir pra ela ficar quieta às vezes. A Belle é uma pessoa ótima, mas ela é muito agitada e impulsiva, e nada paciente. Ela também soa muito agressiva frequentemente. Então às vezes é um pouco problemático. Eu já falei sobre as dificuldades com os chineses né? xDD Lembrei que segunda-feira eu fui de manhã almoçar com a Belle e um novo chinês, Anson, em um café perto do Himanshu’s, e ele ficou me ensinando sobre história e política da China. Esse menino é membro júnior do partido comunista, e está tentando se tornar membro adulto. Então foi uma conversa interessante, porque finalmente encontrei alguém que entende da política da China. Depois disso, a gente foi em um outro café, usar a internet wireless pra fazer algumas pesquisas. E só depois disso a gente foi pra ONG, já de noitinha. No final, só fizemos isso. Terça de manhã, a Donna desistiu de ir viajar. Ela decidiu ficar aqui com os amigos e aproveitar assim a ultima semana dela, ao invés de ir viajar com os meninos, com o Nurjan e o Medhat. O Nurjan é um cara legal, sabe um monte de coisas, mas ele vive no mundo dele, fala sempre umas coisas aleatórias que eu não entendo, ou seja, juntando a isso o sotaque, é sempre difícil entender o que ele está querendo dizer. O Medhat também é legal, mas ele tem algumas coisas estranhas. Tipo ficar me dizendo que uma vez que eu tenho cérebro e sei pensar, se eu ler o Corão eu vou ficar completamente convencida de que aquilo é verdade e vou me converter ao islamismo, porque é a atualização mais recente da religião cristã. Eu não me importo de conversar sobre religião, eu realmente gosto, mas ele tinha uma certeza muito grande de que ele estava certo, e isso era muito estranho. Tipo, nada do que eu dissesse poderia fazê-lo mudar de opinião, e pra ele é inconcebível que o mundo possa existir sem um plano ou vontade divinas. Bom, considerando que ele é um egípcio, e o Egito é um país mais de 90% islâmico, acho que isso era até que esperado né? Bom, de qualquer modo, ele é legal, mas ele tem algumas coisas culturais bem fortes, e com a Donna que é egípcia o comportamento dele é pior, porque ele se sente sei lá se compulsivamente ou algo do tipo obrigado a cuidar dela de maneira excessiva pra alguém que a conhece por menos de uma semana. Então no final ela achou melhor ficar.

Bom, terça de manhã eu e a Belle decidimos ir pro trabalho, pra tentar descobrir afinal o que é que eles queriam da gente. Porque até aquele momento, a gente ainda não sabia o que é que a ONG queria de nós. Só falaram que a gente ia trabalhar na escola dando aulas, e mais nada. O problema é que nosso trabalho não era ensinar, era trabalhar com ONGs, ou seja, está tudo diferente, não é mesmo? Mas ainda não desisti do trabalho, porque eu esperei muito tempo pra poder ter alguma coisa pra fazer. De qualquer modo, nós chegamos lá, fomos ver a escola, nos apresentamos nas salas de aula, etc, e perguntamos o que é que eles queriam que a gente ensinasse, e ele disse Social Studies e Conhecimentos Gerais. Eu perguntei se ele tinha os livros pra que a gente pudesse estudar o conteúdo, e ele arranjou alguns, mas ele queria que a gente começasse a dar aula naquele mesmo dia. Eu disse que não tinha condições, que a gente não era professora, que não era esse nosso propósito original, e que a gente precisava estudar os livros pra poder dar algumas aulas. Ele disse que a gente teria tudo que precisasse na biblioteca do orfanato, e que a gente podia usar internet em Hayat Nagar quando a gente precisasse. Também perguntei pra ele sobre o tempo de trabalho. Ele explicou que os alunos estudam 6 períodos de 45 minutos, e que a gente podia ensinar por 4 períodos, cada uma em salas diferentes. Daí ele falou pra gente chegar umas onze horas e ir embora lá pelas 3 e meia. Mas eu perguntei se a gente não podia chegar nove e meia da manhã e dar aulas só durante os quatro períodos antes do almoço, e ele parecia não exatamente feliz, mas disse ok. Então ficou combinado com ele que a gente ia trabalhar todo dia de manhã, e que depois disso a gente ia embora. Daí a gente foi embora pra ONG, e a gente ficou conversando sobre o que a gente ia fazer depois. Porque aparentemente a única opção seria ir morar no orfanato. Então a gente decidiu que a gente ia parar de esperar por um lugar, e pagar aluguel pra ficar em algum outro lugar, em um apartamento. O Ani foi lá na ONG e ele disse que tinha um lugar onde a gente poderia ficar, que tinha alguns chineses indo morar lá, e teria espaço se agente quisesse. Nessa hora a Priscila e a Belle ficaram super excitadas com a idéia e com o preço e começaram a gritar de alegria, e eu e a Donna ficamos tentando mandar elas ficarem quietas, porque é estúpido ficar toda feliz com a proposta de um lugar que a gente nem sabe como é, e etc. No final, o Ani falou algumas coisas e as duas nem ouviram e depois ficaram achando que estavam sendo ‘enganadas’, mas foi culpa delas mesmo, e eu disse isso pra Belle. Porque ela falou que não estava sabendo de algumas coisas, só que essas coisas tinham sido ditas. De qualquer modo, fomos visitar o lugar, e agora ele é a minha casa. Nos mudamos naquela mesma noite. O lugar não é muito bom, e não tem nada, mas pelo menos é nosso, a gente pode fazer o que quiser, e cuidar dele como achar melhor. Também estava bem sujinho. Ainda está na verdade. O problema maior é que se a gente deixa a janela aberta, entram vários pombos, e dá pra ver que o apartamento ficou vazio por um tempo, e teve alguns inquilinos indesejáveis. A gente teve que limpar um monte de sujeira de pombo já, e os pombos pousam no nosso varal, e entram na cozinha se a gente deixa a porta ou a janela aberta. A gente precisa encontrar um jeito de deixar os pombos pra fora, e logo!! As meninas estavam um pouco incomodadas com a situação, de terem que vir pagar aluguel e tal. Mas o que eu acho é que a nossa acomodação gratuita está garantida, embora talvez não com as condições que se esperaria. E teoricamente a gente pode voltar a morar na ONG. Então pra mim, pagar aluguel foi uma escolha, e eu vi o lugar, e eu achei que dava pra gente sobreviver aqui. Então eu não reclamo de muitas coisas. Da falta de água, etc, problemas que não eram previsíveis. A AIESEC daqui ainda tem algumas tarefas a cumprir por aqui, mas acho que as coisas vão se ajeitar.

De qualquer modo a situação é que a gente tem um apartamento novo, que ainda precisa de muitos retoques, mas que pra mim ainda está melhor do que estava antes. Eu estou com saudades dos nossos amigos da ONG, mas estou feliz de estar morando com novos amigos. Morar com os chineses é um pouco cansativo às vezes. Eles são ótimos, e quase não ficam falando em chinês entre eles, mas a dificuldade é na comunicação. Porque eles têm uma dificuldade enorme, e eu já fiquei com vontade de comprar um gravador pra eu não ter que ficar repetindo tudo o que eu falo. E eles nunca entendem direito o que a gente diz, e no celular então é uma desgraça. Eu tenho dificuldade de entender as coisas pelo celular, especialmente quando tem muito barulho, mas ontem eu já acabei perdendo a paciência com a Belle no telefone, do tipo desisto de tentar falar com você. E a tina sempre responde com ãh?! e a gente tem que repetir uma ou duas vezes. Sei lá, eles parecem quase todos ter a cabeça nas nuvens e não entender o que acontece à volta deles. Outro dia a Tina colocou cimento pra lavar as roupas dela achando que era sabão em pó, e eu falei pra ela que não era, e ela ficou só um tempão olhando para o pacote perguntando o que é cimento... E ela conseguiu esquecer o laptop no auto, não sei como, e percebeu mais de 3 horas depois, e elas ligaram pro pessoal da AIESEC, mas não há muito que se fazer nessa situação, né? Não acho que alguém vá devolver...

Bom, no dia seguinte fomos aprender o novo jeito de ir pro trabalho, porque desse endereço o caminho tem que ser diferente. Pegamos um caminho que não deu muito certo, demoramos três horas pra chegar, mas chegamos. E chegando lá, nos mandaram direto pra várias salas, cada uma em uma, sem nem saber o que a gente tinha que fazer direito. E eu preciso dizer: é muuuito difícil. Primeiro que a gente não tinha expectativas de vir pra Índia pra dar aulas. Depois, que as crianças não entendem inglês. É um desafio enorme estar lá. Porque as crianças menores perdem o interesse em ouvir a gente, já que elas não entendem. Então é difícil conseguir arranjar jeitos de conversar com elas. No outro dia, me mandaram pro jardim de infância. Mesmo eu tentando ensinar algumas musiquinhas, e brincando com eles, tentando ensinar nomes de esportes com mímicas, eu só conseguia a atenção de metade deles, e o resto ficava desenhando ou escrevendo ou qualquer outra coisa. Só a turma do quinto ano me entende, e com eles eu estou trabalhando de pouquinho em pouquinho. O resto é bem mais difícil. As professoras às vezes ficam traduzindo, e saí é melhor. Mas aí, qual o sentido de nós estarmos lá? Não faz sentido. As professoras, que falam a língua das crianças podem dar esses conteúdos melhor do que a gente, porque a gente também não entende mais das matérias do que qualquer pessoa. Tá certo que as professoras também não são formadas nem nada, mas elas estudaram esses conteúdos na escola e falam telugu. Parece que eles só querem a gente lá pras professoras ficarem um pouco sem fazer nada. Sei lá o que a gente é pra eles. Ao mesmo tempo que eles querem que a gente substitua o professor de Estudos Sociais, também parece que não importa o que a gente ensina. O Mr. Malkene disse que se não der pra dar o livro, a gente pode ensinar Inglês. A gente também pode ensinar na verdade qualquer coisa que a gente quiser... e no intervalo entre as aulas, as professoras ficam mandando a gente brincar com as crianças. A gente não tem um segundo de descanso quase, e todo mundo ainda quer que a gente dê mais. Quer que a gente fique mais tempo, que a gente dê as aulas da tarde também, e as professoras ficam assistindo. Querem que a gente leve doces, e protetor solar, e imprima fotos pra dar pra eles. Eles não querem voluntárias, eles querem substitutos e recursos. Acho que é só isso que a gente representa pra eles, estrangeiras com dinheiro. Na quinta-feira aconteceu uma coisa extremamente desagradável. Roubaram nosso dinheiro na escola. Pegaram das nossas bolas. Pegaram 1000 rúpias de mim. E pegaram a minha câmera digital também. A gente percebeu quando estava indo pegar o ônibus de volta, então eu liguei, e eles ‘acharam’ a minha câmera, que eu não tinha nem tirado da bolsa, caída em um canto. Pelo menos eu peguei minha câmera de volta, mas a sensação foi horrível. A gente estava indo tão à vontade pro trabalho todos os dias, mas agora o sentimento é diferente né? Eu entendo que pra gente não é muito e pra eles é muita grana. Acho que foram as professoras que pegaram. Uma professora especificamente que é bem saidinha, e que fica pedindo as coisas pra gente. Sabe, é muito duro, porque elas recebem 2000 rúpias por mês. Eu tinha na carteira, pra usar no dia, metade do salário mensal dela. Mas também do que adianta a gente ficar deixando elas pegarem o dinheiro, e todo o sacrifício que a gente já fez pra chegar até lá, até ter aquele trabalho? É uma situação muito difícil, ninguém sabe o que pensar. A gente veio com idéia de ajudar crianças carentes, e não de dar dinheiro pra gente pobre. A gente nem consegue ensinar as crianças direito, e todo mundo continua exigindo mais e mais. As professoras não têm idéia de como é difícil se comunicar, brincar com as crianças no intervalo. Elas falam a língua delas, e só precisam deixar as crianças fazerem o que quiserem no intervalo. Mas elas sempre querem mais da gente. As crianças são uns amores, elas são super bem comportadas, e parecem sempre tão interessadas em aprender. Mas sem entender o que a gente diz às vezes ela perdem o interesse. É claro, né? Mas eu não sei o que fazer. A gente precisa preparar as atividades, mas eu não tenho experiência com crianças de 5 ou 6 anos que não falam a minha língua. E a gente não tem internet pra ajudar as coisas, pra poder pesquisar atividades e brincadeiras. Sinceramente, em alguns momentos eu não sei o que fazer, e a vontade que dá é de largar tudo agora que a gente nem mora mais na ONG e eles não estão dando nada pra gente. Mas ainda tem duas semanas, e eu pretendo terminar tudo bonitinho. Antes a gente queria desesperadamente trabalhar, mas agora eu só quero que acabe. Todo dia ir pro trabalho é terrivelmente assustador. Eu não sei o que vai acontecer e eu não sei o que esperar. É horrível estar lá na frente de 20 criancinhas de 5 anos e não saber o que ensinar pra elas, o que fazer com elas. Eu já decidi que pra gente, não dá pra pegar as turmas pequenas sozinho. As maiores talvez. Com o terceiro ano, a gente conseguia se comunicar um pouco, mesmo com dificuldades, mas com as pequenininhas não. A gente precisa pelo menos estar em pares. Se não a gente não consegue cuidar de tudo. É muita coisa. E agora ainda a gente tem que ficar se preocupando com os nossos pertences. No dia seguinte ao que aconteceu eu e a Priscila fomos pro trabalho mesmo assim. A Tina tinha perdido o laptop, e a Belle estava se sentindo super mal com o fato da gente ter sido roubada. Ela disse que não conseguia ir e enfrentar a situação, não conseguia ir e olhar no rosto das pessoas. Mas acho que amanhã ela vai. Veremos.

Então, como vcs podem ver, muita coisa anda acontecendo. Incluindo ao trabalho o fato de que a Donna está indo embora, e ela quer passar cada segundo do dia aproveitando, e ter que limpar a casa, a gente anda muito ocupado. Quer dizer, basicamente quem limpa a casa sou eu e a Belle. Mas tudo bem. Ela é a única que realmente entende o meu desespero pra limpar a casa. Os dois chineses parecem não se importar, e uma das taiwanesas vive no mundo da lua. E nunca tinha lavado roupa antes, então deve ser por isso. Aliás, uma coisa bizarra. Acho que em Taiwan a parte mais valorizada do corpo da mulher deve ser as pernas. Porque eu juro que as duas taiwanesas andam sem calça pelo apartamento. Eu juro que eu nunca vi uma saia tão curta, meu deus... =P é meio horrível, eu me sinto um pouco desconfortável com isso. Acho que é a cultura indiana conservadora que está me fazendo pensar assim xDDD.

Outra coisa que anda acontecendo é que a Donna está indo embora, e ela sempre quer fazer planos, mas ela nunca decide nada, e a gente fica meio que na espera e ela fica me pressionando pra decidir o que fazer. O problema disso é: eu adoro a Donna, ela é super legal, e virou uma super amiga já. Mas acontece que eu já moro com ela, e de noite, eu quero mesmo é encontrar outras pessoas. Pra dizer a verdade mesmo eu quero é sair com os meninos da AIESEC. É que eu gosto das meninas e tal, mas eu odeio girls night out. Eu acho super chato sair as menininhas e ficar dando gritinhos histéricos, tomando cosmopolitan no Hard Rock Café, tirando fotos de nós mesmas, e ficar chorandinho pra Donna não ir embora. É claro que eu vou sentir saudades, e eu não quero que ela vá embora, mas ao mesmo tempo ela é bem high maintenance pra mim. Eu prefiro sair com os meninos, é mais simples, e eu prefiro a companhia deles. Como eu disse antes, eu prefiro uma cerveja indiana no Club 8 do que os coquetéis no HRCafe. E elas queriam de novo sair de noite só as meninas, e eu não quero. Mas ao mesmo tempo é claro que eu quero passar algum tempo com ela. Na quinta de noite eu fui pro club 8 encontrar o Ani, a Pri e a Akari. Foi bem legal, apareceram mais algumas pessoas depois e eu ganhei carona pra casa de moto. Andar de moto é bem legal mesmo, e de noite é bom porque não tem o trânsito.

Bom, acho que já escrevi o suficiente. Muita coisa aconteceu e eu estou começando a pensar que logo vai acabar. Eu entendo a Donna. Minha vontade é encontrar todo mundo todo dia. Isso porque ainda tem pelo menos mais umas duas semanas... Por outro lado, isso quer dizer que logo logo eu vou estar voltando pra casa, o que também é muito bom! xDD A gente se vê pessoal, deixem comentários, ok? (E acho que quem conseguir ler tudo até o fim realmente merece um prêmio!!)

Já quase nem lembro mais

Escrevi isso mais de uma semana atrás. Por favor comentem aqui também!

Ola a todos!! Como vão vocês? As coisas andam tão agitadas por aqui que chega a noite eu nem tenho energia pra ficar escrevendo...! Apesar de eu ainda não ter começado a trabalhar, os dias têm sido muito bons. A impressão é de que eu estou conhecendo melhor a Índia e os indianos, e isso torna as coisas mais fáceis. Por exemplo, é preciso aceitar os tempos de espera. Eles são parte do dia a dia, da vida aqui, e não há muito o que fazer além de aprender a lidar com isso. Mas vamos voltar um pouco no tempo. Essa semana foi agitada, como sempre. Na quinta-feira teve aquela cerimônia da qual eu já falei. Essa cerimônia está relacionada com a prática de alguns homens, de por cerca de 40 dias por no mínimo cinco anos seguidos, viver de um modo bem simples e natural, e do modo como a religião hindu prescreve como correta. Então eles não podem comer carne, eles devem acordar todos os dias antes do sol nascer e se banhar de manhã, não podem tocar mulheres, e só podem comer uma vez por dia. Acho que tem várias rezas incluídas também, mas não sei bem. De qualquer modo, a cerimônia que se chama Pari pooja aconteceu aqui na ONG. Vários swamys, que são como esses homens são chamados vieram aqui e ficaram rezando por um tempão, e depois tiveram a sua refeição diária. De acordo com o Anirudh, que explicou um pouco sobre isso pra gente, há três deuses na religião hindu, Vishnu, que é o gerador, Brahma, organizador e Shiva, destruidor. Ou seja, nascimento, vida e morte. Vishnu e Shiva assumem várias formas, e Ayappa é o resultado do amor de Vishnu e Shiva em uma de suas formas femininas (na verdade, não lembro se era isso ou o contrário... =P), e é basicamente pra esse deus que esses swamys se dedicam. Não está bem explicado, mas é mais ou menos isso... De qualquer modo, é uma prática bem religiosa, e parece ser difícil e exigente. Pra essa cerimônia, foi montado uma tenda no pátio da ONG, com um altar bem elaborado na parte de dentro. Foram colocados vários tapetes para as pessoas sentarem, e os swamys ficavam entoando rezas e fazendo vários rituais, como colocar vários líquidos na estátua de um deus, pra depois limpar tudo. Tinha tambores, e muito incenso, além das flores, principalmente amarelas. A cerimônia foi muito longa, mas foi muito legal poder ter assistido. E era impressionante o modo como eles queriam que a gente tirasse fotos de tudo. Até o senhor que parecia ser o ‘sacerdote’ do grupo ficava mandando a gente tirar fotos de tudo. Teve partes de dança, de realizar oferendas aos deuses, e depois o almoço. Foi uma sensação diferente da religiosidade e do sagrado na Índia. Porque no geral, as pessoas agem de um modo tão conservador, ao mesmo tempo que eles parecem não seguir mais vários preceitos da religião, como as rezas diárias, e alguns costumes. Mas ao mesmo tempo, o lugar das mulheres ainda é bem diferente do nosso, mesmo que pensando só na parte do vestuário. Isso é a mistura dessa modernidade, no meio da cerimônia, no meio daquele ar de sagrado, os swamys falavam no celular sem problemas, mandavam mensagens pelo celular no meio das rezas, e a gente quase invadia o espaço deles pra tirar fotos, a pedido deles mesmos. Sinto que a gente foi muito privilegiado de poder assistir isso assim, em casa, com o pessoal aqui da ONG que é sempre tão legal com a gente. Depois o Sam voltou e nós ligamos pro pessoal da AIESEC vir conversar com eles, e vieram logo uns cinco ou seis. Passamos um tempo com o pessoal da AIESEC também, conversando, tentando descobrir o que ia acontecer com a gente. O Sam continua enrolando a gente, ele falou que a gente vai trabalhar no orfanato mesmo. No dia seguinte ele falou com a Priscila, e a conversa com cada um traz informações e propostas diferentes. Ele disse pra ela que ela tem que ficar aqui no mínimo dois meses. Mas pra mim ele falou que tudo bem se não fosse dois meses, mas só um mês. Eu só sei que já se passaram duas semanas de trabalho e eu ainda não fiz nada... Mas não estou pretendendo estender o tempo de trabalho. E nada de mudar de apartamento. Depois disso, saímos com as egípcias e a Pravina pra comer Pizza Hut. Foi divertido, foi a comemoração de véspera de Natal pras egípcias, que são algumas das poucas egípcias cristãs que você vai encontrar por aí. Mas eu fiquei muito irritada com elas no finalzinho da cerimônia porque elas tinham combinado de conversar com uns missionários por aqui, mas elas não podiam passar porque os swamys estavam comendo e as mulheres não podem circular no meio. Daí, elas ficaram reclamando que o pessoal daqui não tinha o direito de desrespeitar a religião delas, e reclamando que o Raj era muito conservador na questão religiosa, e que elas tinham marcado horário. Só que ela não tinham falado nada disso pra ninguém antes, e a gente já sabia que ia ter um ritual acontecendo no dia. A gente não sabia que is ter essa coisa da gente não poder passar, mas achei simplesmente absurdo elas quererem exigir que eles respeitassem a religião dela sendo que elas não queriam respeitar a deles. E sem conversar direito. Eu achei que elas tinham que ir pra alguma cerimônia, mas depois fiquei sabendo que não era nada disso, era só uma conversa mesmo. Então não era nada tão urgente assim. E eu fiquei super irritada que elas ficavam reclamando e não falavam sinceramente e com clareza com o pessoal indiano. Eu sugeri que elas pedissem pra Pravina pegar as coisas que elas precisassem no quarto, que era dinheiro e os sapatos, mas elas não aceitaram e ficaram dizendo que ela não ia saber onde estavam as coisas. Até que eu cansei e falei eu mesma com a Pravina, explicando que (como eu tinha entendido) a data era importante pra elas, porque era uma data especial pra religião delas, e no final elas passaram pra pegar as coisas delas. Me arrependi disso quando depois elas contaram que não era nada tão importante (horas depois), mas eu não agüentei ouvir elas falando mal daquele jeito daquelas pessoas que tem sido tão boas com a gente esse tempo todo, sendo que elas são super compreensivas, e conversando, sempre podemos acabar nos entendendo. Mas eu fico um pouco irritadas com algumas coisas dessas meninas, como o fato de que uma delas adora reclamar das coisas dizendo Eu Odeio fazer tal coisa, tipo no restaurante, ela dizendo Eu Odeio ter que escolher, e eu ficava com vontade de responder, e eu odeio gente que não consegue se decidir, e que fica reclamando de tudo. Se ela odeia tanto, então da próxima vez eu escolho e ela que não reclame. A Priscila e a Pravina também não se decidiam, e ficava escolhe você, pra mim tanto faz uma pra outra (a gente estava dividindo os pratos duas a duas, eu estava com a Jan) então eu disse, nesse caso, deixa que eu escolho pra vocês, e eu escolhi mesmo dentre as duas opções que elas estavam na dúvida.

Bom, no dia seguinte, deveria ser nosso primeiro dia de trabalho, mas por causa dos conflitos separatistas a gente não pôde ir. Ficamos desenhando no chão. Eles fazem esses desenhos usando uma areia branca, e pintam usando um pó e algodão. É super difícil controlar as linhas desenhadas de areia, mas acho que meu desenho não ficou tão ruim assim. Eles falaram pra eu pensar em um desenho brasileiro, e inventei uns padrões meio baseados em samambaias. A Pravina tentou um modelo parecido, e depois fomos pintar. Desenhei uma orquídea, e pintei de roxo escuro. Ficou bonita no final, embora não parecesse nada indiana. Fomos almoçar aqui por perto, e ficamos mexendo nas fotos e ouvindo música durante a tarde. As egípcias foram viajar, e eu, a Jan e a Priscila fomos pra Banjara Hills porque o Frank estava indo embora de Hyderabad. Chegamos lá e a idéia era cozinharmos alguma coisa para comer. Fomos comprar vegetais nas ruelinhas perto do apartamento, mas com os legumes que tinha eu não sabia cozinhar nada... O que costuma ter por aqui é batata, cebola, berinjelas pequenas e de vários formatos, couve-flor, quiabo, vagens, pimentas, pimentão verde, e um ou dois legumes que eu já vi no Brasil mas não sei o nome. Nada de muito diferente na verdade... De qualquer modo eu não sei cozinhar essas coisas, principalmente sem uma cozinha decente, então eu fiz um ovo mexido com batata, tomate e cebola. Ficou gostoso. O Frank e a Jan cozinharam berinjela e vagens ao estilo chinês. Estava muito gostoso, apesar de meio engraçado porque o arroz é basmati xDDD. Mas o problema é a cozinha deles. É absolutamente nojenta, a gente teve que se virar nos cantinhos pra conseguir um pouco de higiene. Eu entendo que eles estão com problemas porque eles estão sem água faz vários dias, mas mesmo assim, aquilo não dá. Eles não tem nem sabão pra lavar a louça. Todos os utensílios estão sempre sujos, e eles não lavam direito. Na varanda, há um mar de lixo. Me lembra coisa de mangá isso. Quem já leu nodame pode imaginar um pouco, ou entender a referência a Fruits Basket e o mar da podridão. Por esse motivo aquele apartamento é um lugar que simplesmente não dá pra morar. De qualquer modo, o problema não é nosso (pelo menos não ainda, dizem as más línguas que aquele é o nosso destino...). Mas eu fiquei bem triste porque o Frank era super legal, e vou sentir saudades de poder conversar com ele. Tivemos que dormir por lá por causa do horário, e por volta das duas da manhã o Frank foi embora. Pulamos o muro pra ajudá-lo a pegar um auto (bom, eu, o Asheel e o Nurjan pulamos) e ele foi embora. Eu e a Jan acabamos tendo uma cama pra dormir mas estava muuuito frio de noite, e tivemos que sair de lá as sete e pouco da manhã pra chegar na ONG e ir trabalhar. Só que a gente não teve trabalho de novo. No final das contas, eu, a Jan e a Priscila acabamos saindo para fazer compras em Secunderabad. Achamos algumas lojas com roupas bonitas, mas como sempre, elas são todas muito largas pra mim. A Priscila comprou algumas, e eu acabei pegando só uma que tive que deixar lá pra arrumar. Depois, fomos para uma loja de bijuterias, e comprei dois brincos que vão ser presentes depois, e vários anéis que eram bem bonitos. Ganhamos colares de pérolas de plástico de brinde no final de tudo, até a Jan que não comprou nada. De lá, andamos por um bazar, onde as meninas compraram algumas bugigangas, e depois fomos para o City Center. Chegando lá, a Yunlin encontrou a gente, e nos arrastou pra uma reunião do Comitê Local da AIESEC, que foi bem random, e nós não entendemos nada. Mas ficamos conversando com alguns dos intercambistas, e depois fomos jantar no KFC.

Percebi que não falei disso até agora, mas desde o dia da cerimônia, os sobrinhos do Swamy estavam ficando na ONG junto com a irmã dele. Eles eram bem bonitinhos e gostaram bastante de mim. A menininha ficava se pendurando em mim o tempo todo, e deixava eu carregá-la bastante. Ela tem 3 anos, e o menino parece ter mais ou menos essa idade também (será que são gêmeos?). A gente ficou brincando com eles um tempão durante os dias que eles estavam aqui, e no final, eu fiquei com algumas marcas de dedos e unhas em mim, de lembrança de dois pestinhas... xDD

E lembrei também que não contei sobre o sábado de manhã. Sábado de manhã teve mais uma cerimônia, que é como um ‘despedida’ para os swamys, que têm que viajar e peregrinar até um templo em outro estado, e depois eles voltam com roupas normais (no momento eles só podem usar preto), e podendo viver normalmente. A Jan não quis ir e ficou dormindo, mas eu fui com o pessoal da ONG. Para isso, fomos até uma área de favelas daqui, a maior de Hyderabad. Achei a favela boa, principalmente considerando o estado das ruas por aqui. As casas pareciam minúsculas, mas as ruelinhas eram bem limpas, mais do que qualquer oura rua por aqui. Só em uma parte tinha umas barracas que eram mega precárias, e essa parte estava mais suja. Mas de qualquer modo, o lixo fica quase sempre acumulado nos cantos, e sei lá quem é que limpa as coisas. O sistema de coleta de lixo deve ser muito ruim por aqui. Agora, no orfanato, eles simplesmente jogam todo o lixo no terreno vizinho, e ele fica lá, acumulando. A menina disse que em algum momento alguém deve tomar conta daquilo, mas ela não tem a menor idéia de como ou quando isso acontece. Que nem no apartamento dos meus amigos. Isso é uma das coisas que a Índia ainda precisa desenvolver muito, o tratamento do lixo. E os pacotes de bolacha, chocolate, eles sempre têm uns dois pacotes, um fora e outro dentro. Imagino que a razão que eles encontraram pra isso é o fato de que tudo aqui é extremamente empoeirado, e mesmo as coisas no supermercado ficam sempre cobertas de poeira. Mas também é um desperdício muito grande de plástico, e forma mais lixo ainda.

Agora, avançando novamente, quando a gente encontrou a Yunlin, ela convidou a gente pra participar da gravação de um comercial, pra empresa de marketing que a amiga dela trabalha. No final, aceitamos ir, e ainda convidamos alguns amigos. A melhor parte é que eles iam pagar 1500 rúpias pelo dia de trabalho. Saímos domingo de manhã bem cedinho, seis e meia da manhã, mas não estávamos conseguindo encontrar um auto pra irmos pro local da gravação. Finalmente conseguimos um e chegamos lá um pouco antes das sete e meia. Encontramos o pessoal já esperando pela gente, por que eles pediram pras pessoas serem pontuais porque eles iam começar a filmar exatamente às sete e meia, mas na verdade as coisas só ficaram prontas por volta das nove horas da manhã. Eles colocaram maquiagem na gente, e era muito forte e meio feia... xDD Eu não estou acostumada com isso. A propaganda era o seguinte: alguns estudantes estavam muito entediados numa aula de biologia, e um deles estava lendo uma história em quadrinhos. Ele olha pra frente e vê um chocolate saindo pra fora do bolso de um colega, e ele dá vida ao macaco da história pra pegar o chocolate pra ele. O macaco (que ia ser feito em animação) desce pra pegar, mas o outro cara tem uma tatuagem de tigre que se anima e assusta o macaco. Daí o macaco sai em disparada causando a maior confusão na sala de aula. Eu, a Jan e nossos amigos somos os outros alunos da sala, descontando esses dois principais e mais uma menina que está lá só pra ser uma cara bonitinha. Basicamente o que a gente fez foi ficar sentado o dia inteiro, em baixo das luzes, ganhar comida de graça e ser pago no final. Eu estava super tranqüila pois estava esperando os tempos de espera extensos, e levei meu livro pra ficar lendo. O resto do pessoal ficava falando o tempo todo que estava cansado e entediado e queria ir embora. Afinal, o que eles estavam esperando? xDD Eu achei divertido ter essa experiência, e eu acho que a gente não ficou ‘escondido’ na propaganda, acho que vai dar pra ver, pelo menos um pouco. A Jan vai ser vista bastante, porque ela estava em uma posição bem estratégica xDDD. Veremos quando o comercial sair. É pra um chocolate que vai ser lançado no final de janeiro por aqui, e que é bem famosos em Dubai. Ele se chama Safari, e na verdade nem é tão gostoso assim =P. Ainda assim, vai ficar na lembrança a minha primeira vez na frente de câmeras, com um diretor dizendo o que eu devo fazer, e o pessoal da câmera controlando a minha posição de acordo com a cor da minha roupa... xD

Depois disso eu e a Jan ainda fomos para o restaurante Paradise em Secunderabad, para comer o melhor Biryani da cidade por mais de cinco anos consecutivos. Aliás, eu acho que nem contei: a Jan está indo embora sábado. Ela teve uns problemas na família, de saúde, e ela vai ter que voltar antes. A Nadine, uma das egípcias, está indo embora esse sexta de manhã, e a Donna, a outra egípcia vai acho que na quinta que vem. Depois disso, ficaria só eu e a Priscila, mas ela também está pensando em tirar uma ou duas semanas pra viajar e ir embora semana que vem também. Daí eu vou ficar sozinha, e eu não quero isso. Queria que ela se decidisse, pra eu pelo menos poder falar com o pessoal da AIESEC. Acho ruim que as pessoas possam quebrar a parte delas do acordo assim tão facilmente também... A idéia inicial era de que a gente teria que fazer um depósito quando chegasse na cidade, e acho que o motivo era justamente pra evitar que as pessoas desistissem do trabalho na metade, mas isso nunca aconteceu. Acho que eu vou ter que conversar de todo jeito essa semana, enquanto eu sei que tem intercambistas sem trabalho ainda, pra ver se eles mandam alguém pra ficar comigo nesse trabalho. Viajar duas horas sozinha não é bom, nem ir pro meio do nada sozinha...

Aliás, vou contar um pouco de como foi o primeiro dia de trabalho. A gente saiu da ONG super tarde, depois das dez da manhã, porque o pessoal daqui estava fazendo ligações pra ver se o caminho estava livre ou não. Daí nós pegamos um ônibus na Jubilee Bus Station, e ainda trocamos de ônibus uma vez, até chegar em Hayat Nagar. De lá, pegamos mais um auto pra chegar até o orfanato da courtesy foundation. O pessoal das ilhas Maurício tinha falado super mau do lugar, mas eu não achei tão ruim assim. É claro que eu não queria realmente ficar morando lá, por isso as duas horas de viagem até chegar lá. É cansativo, mas pelo menos eu posso voltar pra cidade... As crianças até que são bem comportadas, e os funcionários (são só dois) parecem cuidar delas com muito carinho. Essa semana, apenas 12 crianças estão lá, mas moram 80 no orfanato. 16 são infectadas com HIV. Na semana que vem, toda essa criançada vai estar de volta. Mas aí acho que vamos trabalhar na escola, e não mais diretamente no orfanato, não sei bem. Segunda-feira, nós só ficamos brincando com as crianças. A Donna e a Nadine têm muito jeito pra organizar brincadeiras ou musiquinhas com as crianças. Eu não sei se tenho esse pique todo. Eu gosto muito de crianças, mas elas me cansam muito!! Hoje (dia 11) foi um pouco mais fácil. A gente planejou algumas atividades no ônibus ontem e praticamos uma delas. Mas depois eu conto mais sobre isso, está tarde e eu preciso ir dormir.

Beijos a todos!! Vou tentar publicar isso dia 12, mas não tenho certeza se vai dar... e obrigada novamente por todos os comentários!! Fiquei muito feliz lendo tudo!!

Yuubi

sábado, 15 de janeiro de 2011

So um comentario

Ai, ai, eu sei que isso eh muito chato, mas eu tenho que desabafar:
Pqp, porque as pessoas vem pra ca sem saber falar a droga do ingles direito?? Como elas querem se comunicar com as criancas daqui em ingles, se nem elas conseguem falar a porcaria da lingua?? Acabou de chegar mais uma chinesa, a desgraca dos colegas de trabalho. A Jan era dificil as vezes, porque algumas coisas demora muito tempo pra ela entender. E eles ficam parados com a boca aberta pensando em como falar alguma coisa, e nao sai uma frase inteira. Gramatica zero. Eu sei que eh dificil pra eles, mas isso eh muito cansativo. E que culpa eu tenho pra ter que ficar olhando pra cara de peixe deles com a boca aberta e olhar de sonso? Nao eh a toa que os chineses sempre andam juntos, soh eles pra se entenderem. Ainda bem que tem boas excecoes como a Jan e o Frank, que sao pessoas inesqueciveis, e que nao ficam so andando com chineses! xDD

Desculpa gente, mas as vezes eh dificl a paciencia. Sabe, nao basta o problema de ter que me comunicar com as pessoas locais, ainda tenho que ficar meia hora esperando pra um colega de trabalho conseguir me perguntar: "so, what can you tell me about the job we are doing?" dizendo apenas "And............... about.......... about... job?" e eu ter que traduzir pra acima mencionada frase. Eh claro que eu tambem engasgo as vezes, mas isso jah ta ficando demais.

Bom, era isso. Comentarios? xDD

Beijos a todos!!
Yuubi

Feriado

Ola a todos!! Como vao?? Por aqui esta tudo bem. Estou aproveitando o meu feriado pra ficar com os amigos, a gente ate teve que se mudar da ONG durante o fim de semana porque todos os funcionarios foram pra casa e o escritorio ficou trancado. Entao a gente voltou pra Banjara Hills, pra mesma casa de sempre, meio sem agua, com vizinhos que brigam e a gente tem que se esconder no quarto, mas com todas as otimas pessoas que moram aqui e recebem a gente com muito carinho. Hoje eh continuacao do Pongal, que eh talvez o festival mais importante aqui na India, e todos os meninos e homens da vizinhanca estao empinando pipas nos telhados (o que eh meio perigoso, pq nem todos tem protecao...) e gritando. Essa semana, por causa desse feriado, quarta e quinta a gente nao conseguiu ir pro trabalho, no primeiro dia porque eles mudaram a plataforma do onibus, que nao estava mais entrando na rodoviaria onde a gente sempre pega, e depois no dia seguinte porque simplesmente nao tinha mais onibus e a gente tinha que fazer a nossa mudanca por causa dos funcionarios da ONG. Mas semana que vem continua. Eu ando acordando bem cedo todos os dias, mesmo no feriado. Nao sei bem porque, acho que pela primeira vez na vida eu criei um tipo de rotina de acordar mais ou menos a mesma hora todos os dias, e aqui eu nunca durmo bem durante a manha. Depois que eu acordo uma vez eh mais dificil dormir profundamente de novo, talvez porque os colhoes nao sao muito confortaveis... xDD

Bom, sexta de manha cedinho a Nadine foi embora. Engracado, foram so dez dias, mas eu acho que ela eh uma daquelas pessoas que impactam a sua vida de um jeito especial, mesmo que o tempo seja tao curto. Ainda nao deu tempo de sentir saudades porque os dias foram bem agitados... xD Pra nos despedirmos dela, fomos ao Hard Rock Cafe Hyderabad, onde estava tendo um show ao vivo. Foi divertido, apesar de algumas pessoas do grupo nao gostarem da musica, e do barulho ser muito alto. Comi carne de vaca em pela primeira vez na India, na forma de um hamburguer bem gostoso, apesar de ser um pouquinho caro. Mas eu fiquei bem feliz com isso!! Sexta de tarde fomos para Shilparamam em Hitech city, que eh uma 'exposicao' sobre os povos indianos, onde tem varias barraquinhas de artesanatos. Fomos la pra fazer compras, apesar do lugar ter varias outras coisas como exposicoes e artistas de rua, cuspidores de fogo, etc. Eu comprei algumas coisas, mas pra mim fazer compras aqui me deixa com um gostinho meio ruim. Eu estou aprendendo a barganhar, juro que estou. Antes, eu nao conseguia nada. Agora, jah consigo reduzir os precos por um pouco mais da metade. Mas ainda assim as pessoas olham pra mim com cara de pena e dizem que eu paguei muito caro. A coisa eh: eh nao tenho a menor ideia do valor que as coisas tem, porque a maioria das coisas nao da pra comparar com coisas e precos do brasil. No Brasil, os tecidos nao sao bem os mesmos, entao eu nao sei o que eh caro, o que eh barato e o que eh bo ou ruim. A Jan ficou falando que pra ela eh dificil comprar coisas aqui porque tudo eh mais barato pra ela na China. Mas pra gente nao eh assim, neh? Dai ela fica falando que o preco nao vale a pena, mas a diferenca eh que ela pode comprar aquilo quando voltar pra casa e eu nao. E ela ficou falando um tempao pra nao comprar na primeira barraca que eu vejo, embora eu nao tenho feito isso, mas tambem nao tenha olhado tantas assim antes de escolher. Eu olho algumas, e quando alguma coisa chama a atencao depois disso como melhor, eu levo. Nao paro pra olhar todas as barracas antes de voltar nas que eu gosto mais... Alem disso, o nosso gosto nao eh o mesmo, e eu gostei de uns padroes que ela nao gostou. Mas eh assim, mesmo, a gente ja tinha conversado sobre isso, que se pra gente o preco vale a pena, as vezes eh melhor levar do que ficar se arrependendo depois (o que aconteceu com as pulseiras que eu queria, e que sao parte do motivo que eu decidi nao confiar tanto nos conselhos dessa vez). Mas o proposito de tudo isso eh de ir acumulando as lembrancinhas aos poucos pra nao ter que comprar tudo de uma vez no final da viagem. Todo mundo diz que esse lugar eh bom, e porque nao aproveitar o tempo que eu tenho la? xDD

Depois disso, fomos passear pela Hightech City, pra ir pra um shopping. Ela eh realmente impressionante, parece estar se desenvolvendo bem rapido. Os predios sao modernos, como nao tem em outros lugares pela cidade. Tinha ateh o predio da Google xDD E o shopping lah era bem chique, com um supermercado enorme que me lembrou Sao Paulo. Achei super legal! E tem praca de alimentacao com algumas opcoes um pouco diferentes das de sempre. Deve ser mais caro que em outros lugares, mas achei bem legal, outro mundo comparando com o resto da cidade.

Saimos de noite pra nos despedirmos da Jan e depois fomos ver um amigo que eh DJ tocar em um clube. Depois dirigimos a toda velocidade pela cidade, como eh costume das pessoas daqui, mas com os protestos pra controlar o nosso motorista, deu tudo certo. Era uma da manha, e a gente nao conseguia mais encontrar nenhum lugar aberto. Assim a gente foi buscar uma taiwanesa e comer comida de rua durante a madrugada. Foi uma noite divertida, que acabou com algumas conversas muito boas com o Eeshan e com o Medhat. E daqui a pouco a gente se despede da Jan!! Nem sei o que dizer! Eh muito triste que ela esteja indo embora. Mas tem outras pessoas vindo, e espero que os encontros sejam bons!!

Beijos a todos!!
Yuubi

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cansada de novo (mas por outro motivo)

Ola a todos!! Desculpa a demora pra responder! Acontece que ontem comecamos a trabalhar. E ainda estamos sem internet... O trabalho eh OK, mas a viagem ateh o lugar demora umas duas horas, as vezes um pouco mais. Parece ateh que eu estou de volta a Sao Paulo, pegando onibus, no calor, e por horas seguidas. O que a gente esta fazendo essa semana eh ajudar a cuidar das criancas no orfanato (semana que vem a gente comeca a ajudar na escola). Como no final da semana tem um feriado importante, varias das criancas foram passar essa semana com as familias. Sim, elas tem familias. Eu nao entendo como funciona essa coisa de orfanato pra criancas que tem parentes vivos. Tenho que perguntar pra Pravina, mas esss dias nao deu ainda. Hoje fizemos uma atividade com glitter pra explicar sobre os germes e a importancia da higiene. Mas temos que contar com a traducao da cuidadora, que entende um pouco de ingles, porque as criancas entendem muito pouco, e as dificuldades de comunicacao sao um pouco frsutrantes. Eu estou super cansada, apesar de ainda serem mais ou menos 18 e 15, e ainda temos que nos preparar pras atividades de amanha. Acho que agora vai ficar cada vez mais dificil de postar. Eu ando escrevendo no meu computador, mas sem internet la fica complicado. E estou beem atrasada com os relatos! Ainda tenho que terminar o fim de semana. Nao sei se contei, mas fui filmar um comercial no domingo. Pra um chocolate chamado safari. A propaganda eh muito estupida, mas acho que da pra me ver bem. Nao sei, veremos quando ela for ao ar. Tenho mesmo que comecar a preparar as coisas pra amanha, entao vou ficando por aqui, ok??

Beijos a todos, e continuem mandando novidades!!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Mensagem do Du!!!

Ola a todos!! De novo do cybercafe em west maredpalli, secunderabad. Entao, a gente conseguiu trabalho, mas agora vai ser no orfanato. O pessoal da Mauricio disse que eh bem ruim lah, mas nos nao vamos morar lah, vamos continuar morando na cidade, entao acho que tudo bem. Mas talvez a primeira coisa que tenhamos que ensinar seja a importancia da higiene... Veremos como vai ser isso. O problema eh que o estado esta enfrentando conflitos com grupos separatistas. Isso jah fazem uns 34 anos, mas as coisas deram uma esquentada recentemente, e hoje nao fomos trabalhar porque bloquearam algumas estradas e nao eh muito seguro sair de casa. Mas nao se preocupem porque estao cuidando da gente, tanto que nao vamos sair muito na rua hoje, ok? Eles se preocupam bastante com a nossa seguranca, entao nao tem problema. Por outro lado, esses dias estao sendo muito divertidos. Experimentamos saris, ontem assistimos uma cerimonia hindu super legal (mas bem longa!) que foi super legal!! O engracado eh que foi na ONG onde nos moramos, e apesar de geralmente dizerem que nao eh legal tirar fotos de coisas religiosas, o pessoal super queria que a gente ficasse tirando foto de tudo!! A gente via alguem apontado pra camera, fazendo gestos e achava que a pessoa queria que a gente parasse mas nao, ela queria que a gente tirasse mais fotos! xDD Mas eh super estranho, porque ao mesmo tempo que a cerimonia eh super religiosa, os caras ficam mandando mensagem pelo celular no meio da coisa... xDD Essa eh a India moderna. Nem o sagrado eh totalmente respeitado mais. Hoje estavamos pintando o chao, do jeito deles, mas eu fiz desenhos um pouco inspirados no Brasil. xD Depois vai ter fotos.

Ontem finalmente consegui falar com o Du, e ele pediu pra avisar que esta vivo e bem, mas que esta em um lugar isolado no interior da Russia, sem internet, e ateh sinal de celular tah dificil. Ele volta pra cidade dia 11 ou 12, entao tenham paciencia pra noticias, ok??

E por fim, o numero de comentarios esta diminuindo, isso nao eh bom leitores!! Facam um esforcinho pra me deixar mensagens de casa, ok??

Bom, isso eh tudo! Alguma outra hora eu relato melhor as coisas que aconteceram, ok?

Beijos a todos!!
Yuubi

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Rapidinho!

Ola a todos!! Soh uma mensagem rapida. Hoje nao saimos da ONG pq a Jan esta gripada. Varias pessoas aqui estao gripadas, eu nao entendo porque!! =P Sai soh pra comer e vir postar no blog.

As coisas aqui estao na mesma, mas fiquei conversando com os indianos, e eles sao todos muito legais. As pessoas eh que fazem com que todo o resto compense, sabem? Mesmo o pessoal da AIESEC, eles sao muito legais. No final das contas, eh o que eu jah falei. A experiencia eh dificil, mas eu estou comecando a gostar da India, a estar feliz de estar aqui, de ter essas pessoas ao meu lado. Hoje experimentamos sarees, as roupas indianas tradicionais. Tiramos varias fotos, depois eu coloco aqui. Isso me deu forcas a nao desistir da india. Acho que ainda tenho muito o que fazer e aprender por aqui. Mesmo que seja aprender a ficar um pouco quieta em um canto. Agora tenho livros, o que eh otimo para passar um tempo bem aproveitado. Mas agradeco muito que todos estejam torcendo por mim. Ainda tenho esperancas de que o meu trabalho vai ser bom.

Beijos a todos!!
Yuubi

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Olah!!

Escrevendo de um Cyber Cafe em West Maredpalli, Secunderabad. Ola a todos!! As coisas nao mudaram por aqui. Hoje vai ser um post rapido.

West Maredpalli eh minha casa por enquanto. Ok mas pobre, tenho que prestar atencao onde tudo bem comer e onde nao. Meu chefe ainda nao voltou. A minha revolta com as coisas daqui vai e volta, e no momento estou me sentindo benevolente.

Hoje eu e a Jan iamos junto com os nossos amigos ate a escola onde eles ensinam. Mas eles nos fizeram esperar duas horas e decidiram nao ir trabalhar porque dois dos seis nao estavam muito bem. A Jan estava muito brava com isso e eu entendo. Eles sempre demoram um seculo pra sair, sempre estao atrasados, e ficam falatando no trabalho. Se eles nao querem trabalhar, poderiam dar o trabalho pra gente... xDD De qualquer modo, ficamos muito frustradas, porque estavamos prontas em casa desde as 9 horas da manha, e soh quase onze horas eles ligaram avisando que nao iam mais. Entao, decidimos ir ao cinema. Fomos ateh o cinema IMAX 3D que eh o maior do mundo, e a sala eh realmente enorme. Fomos assistir Tron, porque os filmes daqui nao tem legenda, e a gente nao queria ver em telugu. O 3D eh bem legal mesmo, parece que as coisas estao em cima do seu nariz. Mas o filme eh muito chato!! xDD Tava quase dormindo. Nem vale a pena assistir. Depois disso, andamos ateh o T. Anjaiah Lumbini Park, de onde pegamos um barco para vsitar a estatua do Buddha no meio do lago Hussaim Sagar. Eh meio sem graca, mas eh uma das atracoes da cidade.

Do lago, voltamos para a ONG de onibus. Ja estou me virando ateh que bem por aqui, negociando com os motoristas de auto e pegando onibus sozinha. Quer dizer, com a Jan, mas por conta propria. Vale a pena prestar atencao aos caminhos, porque outro dia tive que explicar ao motorista como chegar na ONG... Errei um pouquinho mas no final deu certo. Engracado como isso ja virou uma atividade normal. Parece tao dificil, mas a gente aprende. E pegar onibus sai bem mais barato. Na hora de pegar auto da estacao, o motorista queria cobrar 40 rupias, mas eu negociei com ele e ele pareceu um pouco impressionado que eu sabia o valor correto a ser cobrado, e ele nos trouxe por 25. Isso eh menos do que um real... =P

Hoje comi em um fast food local, chicken royal. Bem sem graca. Talvez esteja comecando a me acostumar com a comida apimentada daqui. A de ontem a noite estava fortinha... Ate suei um pouquinho. Depois do cinema, fui com a Jan em uma livraria pra comprar alguns livros, porque estou morrendo de tedio aqui, e cansando um pouco de assistir numb3rs com a Jan no computador dela. Preciso variar um pouco, entao comprei o Hobbit e o vol 1 da historia da sexualidade do foucault. Gastei soh uns 16 reais nisso.

Eh bom ter a companhia da Jan, apesar de ela ser bem a minha nova amiga Julia da viagem pra Bolivia. Um pouco pior porque ela nao fala bem ingles (pros chineses eh bem dificil), e isso faz essa ser muito lerda pra algumas coisas. Nao sei bem porque, mas as vezes parece que ela nao consegue entender muito bem o que esta acontecendo em volta dela. Tipo hoje, ela teve dificuldade de pedir a comida no fast food. Parecia que o menu nao fazia sentido pra ela, mesmo sendo exatamente igual a todos os menus de fast food que eu ja vi ateh hoje. Sera que eh diferente na china? Mas o nao entender bem ingles eh meio complicado. Porque as pessoas aqui nao falam ingles tao bem assim tambem, entao muitas vezes ela nao consegue se entender bem com as pessoas daqui. Nem com os carinhas da AIESEC. Eh dificil mesmo, mas depois de um tempo da pra pegar o jeito. Isso me lembra as aulas do Capovilla por algum motivo... Pra mim, mesmo quando eu nao entendo de cara, se eu parar um segundo pra pensar na frase, da pra descobrir o que eh soh pensando em modos de escrita e um pouquinho de logica. Achei que a Priscila a brasileira que chegou esses dias tambem nao fala ingles tao bem. Eu tinha que ficar dando dicas de palavras enquanto ela conversava.

Mas pra mim, a experiencia eh bem diferente mesmo. Porque eu nao sou como a maioria das pessoas da AIESEC, pra quem essa eh a primeira experiencia de viajar pra longe. A Jan disse que eh a uncia voagem de aviao de que ela tem memoria (ela viajou soh uma outra vez qdo era bem pequena). Entao eu sei me virar um pouco melhor. Tipo aprender a pegar onibus e falar com os motoristas. A Jan acho que nem sabe o nome do lugar onde a gente mora... Acho que amanha vou deixar ela barganhar, soh pra ver o que acontece xDD

E pessoas, meu celular fica ligado com o chip do Brasil das 22 as 10 da manha, mais ou menos. Coloquem credito no Skype e me liguem!! Ninguem me ligou ateh hoje!! Estou esperando mais noticias dai, porque como estou meio sem o que fazer, fico ansiosa pra ter novidades, conversar com alguem! xDD Fica a dica, tah?

Vou ficar por aqui. Nao foi tao curto assim... Obrigada pelos comentarios, por favor, continuem com isso!! Fico sempre tao feliz de ler as coisas que todo mundo comenta!! Tia Mi e Tio Jo, vao se acostumando!! E tratem de checar o blog mais vezes! xDD Mas isso eh soh porque eu estou desocupada. Quem sabe quando eu comecar a trabalhar eu fique sem tempo pra isso??

Beijos a todos!!
Yuubi

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Cansada

Olá a todos!! Como vão vocês? As coisas aqui na Índia continuam uma loucura, de mil maneiras diferentes. Isso é realmente assustador, mas acho que pouco a pouco as coisas estão começando a fazer sentido. Ou talvez não fazer sentido, mas eu estou começando a entender como as coisas são. O Du me disse que eu não devia ter publicado as coisas do post anterior, porque os momentos em que as coisas parecem estar indo muito mal são normais, e deixa as pessoas muito preocupadas. Desculpe a preocupação, mas eu quis compartilhar os momentos difíceis também. Eu escrevi e postei mesmo sabendo que as pessoas se preocupariam e meio que justamente por isso, pra ouvir os conselhos de quem cuida de mim. Aqui em Hyderabad a sensação emocional que eu tenho é de uma montanha russa. As coisas estão bem, mas dá uma saudade de casa que eu nunca senti antes. Aconteceram tantas coisas desde o último post!!

A gente descobriu então que essa ONG é a mesma que o pessoal teve problemas, mas a gente não vai pro mesmo projeto. A gente vai com o chefe daqui da ONG pras ‘expedições’ pela Índia, fazendo pesquisas a respeito das crianças cegas da cidade. O trabalho parece ótimo não? O problema é que parece que eles não têm muita utilidade pra gente que não fala Telugu. O chefe da ONG nos recebeu nem sei por que, e como foi que o pessoal da AIESEC conseguiu convencer ele? xDD Bom, mas a parte do trabalho, tenho que confessar que eles cumpriram a parte deles. Mas a gente ainda vai precisar ir uma vez e ver como as coisas vão acontecer por lá. E depois disso avaliar a nossa participação. Não é uma coisa que vai poder ser feita de antemão eu acho. Dessa vez não vai ter jeito, a coisa é ir e ver como rola. Estou com essa idéia na cabeça agora, tipo ver pra crer. Parece que o Anirudh, o cara que nos recebeu na casa dele, virou Vice-Presidente do setor de Desenvolvimento da AIESEC Hyderabad, o que quer dizer que ele é responsável também pelo projeto em que nós estamos. Hoje liguei pra ele pra desejar feliz ano novo e ele me contou isso. Pedi pra ele cuidar direitinho da gente esse ano! Ele perguntou como as coisas andavam, e eu contei mais ou menos o que eu comentei aqui.

O apartamento é que não aparece. De acordo com o pessoal daqui os funcionários sei lá se do prédio ou o que estavam de férias esses dias por causa do ano novo, e só vão voltar no dia 02 (estou escrevendo dia 01) e por isso a mudança está atrasada e tudo o mais. Vejamos o que vai acontecer, já liguei hoje pra dar as cutucadinhas de todos os dias. Afinal, eu tenho que ficar lembrando ele da minha existência né? A estratégia é vencer pelo cansaço? Ter problemas é o comum. O pessoal de Banjara Hills, das fotos do outro dia, ficou um tempão sem água, e o cara polonês disse que depois de qse dois meses tomou o seu primeiro banho quente na Índia. E outros mudaram pra um apartamento realmente novo, sem mobília. Só o tempo pra resolver.

Depois da última postagem eu e a Jan fomos visitar o pessoal em Banjara Hills, ia ter uma espécie de festa especial em um bar perto de lá e todo mundo queria ir, mas eles estavam sem água então desistiram da idéia, pois seria o terceiro dia sem banho. De qualquer modo foi muito bom encontrar pessoal em outra situação, com outro jeito de olhar as coisas, pra diminuir um pouco a ansiedade. E eles são muito legais e receptivos! Fizemos planos para o dia seguinte, fomos jantar juntos. No dia seguinte, ontem, teria uma festa de ano novo da AIESEC. Então depois de esperar o Sam, que nos disseram que queria falar com a gente, ele ficou só no escritório dele sem nos chamar e eu decidi agir. A gente estava querendo acompanhar o resto do pessoal até a escola onde eles dão aula. Mas como o Sam queria falar com a gente nós ficamos, assistindo seriado a manhã toda. Daí eu cansei e meio que bati na porta do escritório dele e perguntei se ele queria falar com a gente. Ele não queria nada de mais... As coisas funcionam assim aqui, se você não vai atrás nada acontece.

Bom, uma vez que ele não queria nada de mais, e nossa ajuda foi mais ou menos educadamente recusada (ele fica rindo, parece que tá rindo da nossa cara? Por outro lado, já vi várias pessoas por aqui fazendo aquela cara por motivos que eu não entendo) nós decidimos sair e aproveitar um pouco o dia. Não quisemos ir pra nenhum lugar muito longe, então decidimos ir num shopping perto de Banjara Hills almoçar e olhar as lojas. Comemos KFC, é estranho, eles cobram taxa de serviço mesmo no fast food. E é bem caro pros padrões daqui. Depois ficamos olhando as lojas até ficar de tardezinha e irmos para o apartamento dos nossos amigos. Ficamos lá um tempinho, nossos amigos chegaram, ficamos conversando e depois nos arrumamos para a festa de ano novo da AIESEC. Pegamos um auto até Jubilee Hills, que é onde os atores e atrizes de Tollywood (Hollywood versão falada em Telugu) moram. De lá, tinha um ônibus pra nos levar até onde seria uma festa. Dirigimos por mais de uma hora, e chegamos em algum lugar que devia ser zona rural de Hyderabad. No lugar tinha uma pista de dança, uma mesa de Buffet com comidas e bebidas de graça. Tinha também uma tenda com uns colchões pras pessoas dormirem e um lago. Chegamos já eram mais ou menos onze horas da noite, então comemos e ficamos dançando até o ano novo. Mas esse dia eu estava com a barriga doendo um pouco e não consegui comer muito. Parece que apesar de toda a comida indiana, foi o KFC que finalmente me fez um pouco mal. Mas pelo que parece já estou bem de novo. Depois do ano novo, fomos para perto de uma fogueira na beira do lago. Lá o Frank estava querendo dormir, ele tinha bebido demais xDD. Ele vai se mudar pra Inglaterra no fim do ano, pra estudar economia em Cambridge (chique não??) e está tentando aprender a beber pra poder acompanhar os ingleses, já que esse tipo de coisa não é tão comum na China, nem em Cingapura, que é onde ele estudou pelos últimos cinco anos. Mas ele ficou meio passando mal, e fomos para a tenda pra ele dormir. Aqui é a índia, então apesar de ser uma festa particular, nos aconselharam a ficar cuidando dele. Então eu, a Jan, e um outro cara chinês, Derek, ficamos por lá conversando. Eu também não estava com muita vontade de dançar. Mesmo assim foi divertido, de vez em quando apareciam outras pessoas pra conversar com a gente, como Yuli, uma chinesa que estuda aqui em Hyderabad, e que é do escritório da AIESEC daqui, Mihao, um polonês que estava bêbado e meio chato por causa disso, e o colega de quarto do Derek. As vezes apareciam indianos também, como um cara que é primo do dono do sítio, e que morou nos estados unidos por um tempão, e que contou pra gente que agora no inverno o lago fica bem maior do que no verão. A festa foi divertida, mas estava super frio de madrugada apesar de eu ter levado blusa, e ficamos depois um bom tempo em volta da fogueira. De manhãzinha eu já estava bem cansada e queria ir embora, então sugeri que fossemos ver se o ônibus estava aberto pra gente entrar e dormir. O ônibus saiu lá pelas seis e meia da manhã. Chegamos no apartamento dos nossos amigos onde, porque eles estavam com dois colchões extras, tivemos camas pra dormir direitinho. Mas eu não consegui dormir e fiquei usando a internet pra checar e-mails, ler o blog do Du, etc. Na hora do almoço eu e a Jan saímos para comer, e depois eu aproveitei pra colocar crédito no celular. Voltamos para o apartamento e combinamos um passeio para o dia seguinte, e convidamos os nossos amigos pra sair, visitar um templo. Só o Frank se arrumou rápido, então fomos eu, ele e a Jan. Chegamos lá de auto, e estava uma loucura!! Super cheio de pessoas. Foi só quando chegamos lá que pensamos que era o primeiro dia do ano, e as pessoas estavam indo rezar! Mas decidimos visitar o lugar mesmo assim. A Jan não quis ir porque estava com o pé machucado e não queria andar descalça. Então fomos eu e o Frank enfrentar as filas. O templo é muito bonito, todo de mármore. Ficamos um tempão conversando, já que tínhamos que ficar esperando, porque tinha alguns guardas controlando a circulação das pessoas. Mas foi divertido também, é bom conversar com o Frank, que é um dos poucos que topa conversar de uns assuntos um pouco mais sérios. Outro dia ele estava me explicando sobre o comunismo na China. Na fila ele estava contando um pouco sobre o curso de filosofia que ele teve na escola e que ficou discutindo o tema da alma humana (chegamos aí a partir do tema religião). Depois de quase duas horas estávamos saindo, de uma visita que não deveria demorar mais do que vinte minutos. Mas valeu a pena porque eu rezei para os avatares de Vishnu, que é um deus (ou deusa?) da vida, para que esse ano seja bom, para que as coisas dêem certo pra mim e pra Jan, e para que ela aceitasse receber a gente na Índia, que eu ia tentar respeitar a terra dela. Acho que quase todo mundo sabe que eu não sou religiosa, mas olhar as torres de mármore ao pôr do sol, com cantos hindus soando ao fundo e vendo todas aquelas pessoas rezando por um bom ano foi realmente uma coisa especial. Valeu a fila toda só pra ter essa experiência de aproximação. Considerei que foi um ‘desafio’, chegar até lá, sendo praticamente os únicos estrangeiros ali, e eu realmente acreditei que as minhas preces serão ouvidas. Uma coisa engraçada, é que várias pessoas compram cocos, daqueles que são marrons por fora pra dar uma parte de oferenda e comer o resto. Então tinha um monte de gente comendo cocos por lá xDD. Ah! Lembrei que deixamos os nossos sapatos com a Jan. Estava com medo de que fossem roubados porque eles iam chamar muita atenção. Eu não me importei muito de andar descalça, mas meu pé ficou super sujo. Depois disso, pegamos um auto e voltamos para a ONG para tomar banho e dormir.

No domingo combinamos de encontrar nossos amigos no Charminar. Aprendemos a pegar um ônibus para ir pra lá, porque assim é muito mais barato. O ônibus para duas pessoas foi 24 rúpias, enquanto um auto custaria dez vezes esse preço. Chegamos lá no horário combinado, mas nossos amigos nos fizeram esperar por cerca de uma hora lá. Na rua estava cheio de gente tentando vender pérolas falsas e pedindo esmola, então entramos no único café bom que tinha por ali, e eu comi uma samosa de almoço. Estava bem gostosa. Nossos amigos chegaram com o cara do Cazaquistão com quem eu estava conversando pelo facebook. Fomos visitar o Charminar. Os turistas estrangeiros têm que pagar 100 rúpias, enquanto para os indianos custa apenas 5. O pessoal de Maurício tem cara de indiano, então eles fingiram ser locais. O Charminar é bonito, mas aqui está cheio desse tipo de arquitetura. Tem uma Mecca por perto, e um hospital bem bonito, e a vista de cima é bem legal. Tiramos várias fotos lá do alto. Depois fomos fazer compras. Comprei umas pulseiras beeeeem baratas só pra usar aqui no dia a dia. Depois fomos pras lojinhas melhores, onde ficamos testando nossos poderes de barganha. Eu queria um par de pulseiras pretas, mas os meus amigos me arrastaram da loja onde eu consgui o melhor preço, e eu fiquei sem as pulseiras =/. As coisas naquela região são bem baratas, mas isso reflete um pouco na qualidade. Tem algumas coisas boas, com preços maiores. Mas as roupas indianas, Kutis (?) que eu queria comprar, eu não achei. Mas tudo bem, eu compro nas lojas daqui, pagando mais caro, mas por uma qualidade um pouco melhor, e do meu tamanho. Os tamanhos daqui da Índia são muito grandes pra mim. Talvez eu tenha que mandar costurar. Olhando as coisas no mercado, fiquei sem saber o que levar pra casa de lembrança. Não vou comprar lá, queria levar coisas melhores, mesmo que um pouco mais caras. Pra gente é tudo tão barato, acho que não tem problema gastar 20 reais em uma roupa ao invés de 6 reais... O que vcs acham? Foi um longo dia por lá. Vimos todo tipo de coisas. Eu queria comprar uma sandália pra andar por aqui, mas as sandálias de quatro reais eram muito ruinzinhas.

Depois de andar por lá por um tempão, eu a Jan e o Frank pegamos um ônibus de volta a Secunderabad pra encontrar o Derek, que tinha nos convidado pra jantar em um restaurante chinês. Comemos bastante, e no meio do jantar Anirudh ligou dizendo que ia comemorar o seu cargo novo com alguns amigos e nos chamou para ir. Conversamos com o pessoal e eles deixaram a gente ficar na casa deles, porque tinha espaço. Ou seja, em uma noite ganhamos comida e bebidas de graça. Encontramos o Anirudh no City Center, mas o lugar que queríamos ir lá não permitia menores de 21 anos, que é a idade mínima para beber, e quase todos os caras da AIESEC têm menos de 21 anos. Então fomos para um bar que eles costumam ir e que não se importa com essas coisas. O bar era legal, mas a coisa engraçada é que quase só tinha homens. Não sei porque, os meninos também não souberam explicar direito. Mas as meninas desse lugar são um pouco um mistério, já que não encontrei nenhuma, a não ser a chinesa, na AIESEC daqui. Ficamos conversando com os indianos, e eu conheci a Priscila, a outra brasileira esse dia. O Rohit me explicou que álcool ainda é um tabu na Índia, e que os pais deles não podem saber dessas coisas senão ficariam muito bravos. Mesmo o pai do Anirudh que morou no Japão, e os pais do Rohit que moraram em vários lugares já. E que portanto, drogas são um assunto muito sério, se alguém for pego com qualquer coisa, a pessoa vai ter muitos problemas por causa disso. Mas as pessoas de 20 e poucos anos fazem as coisas escondidas dos pais mesmo assim. Normal, não? =P

O bar fechou por volta da meia noite, e os meninos queriam ir para alguma outra festa ainda. Então fomos procurar um clube que estivesse aberto. As duas primeiras tentativas falharam, mas a terceira deu certo com uma lábia de um dos caras pra cima do segurança. O lugar estava vazio para os padrões normais, mas para eles parecia normal. Ficamos lá até fechar também por volta da uma e meia da manhã. Conhecemos Hyderabad de um jeito diferente, e nos contaram várias coisas interessantes também. Os dois lugares que tínhamos ido primeiro estavam fechado porque a cidade está cheia de policiais agora logo depois do ano novo. Acho que esses clubes devem ficar abertos não muito legalmente, porque acho que o horário de fechar é meia noite. Por isso também que a festa de ano novo foi tão longe da cidade, porque lá os policiais não vão para acabar com a festa. E para entrar nesses clubes é preciso ter contatos, por isso o carinha estava falando com o segurança. Foi uma noite para conhecer a juventude moderna de Hyderabad. Depois, no apartamento dos nossos amigos tivemos que pular o muro, porque o portão fica fechado depois da meia noite. Eu não sabia disso, mas eles nos contaram que fazem isso o tempo todo. Aliás, alguns dos nossos amigos nem tinham chegado ainda. Lá conhecemos Sibil, uma menina do Haiti que vai ficar aqui um ano ensinando em uma escola em uma cidade pequena aqui por perto. Bom, acho que é isso, sem mais novidades no momento. Não estou colocando fotos porque estou usando um cyber café perto da ONG pra postar, mas assim que puder faço um post com fotos, porque tem várias coisas interessantes pra mostrar, ok??

Beijos a todos, bom ano novo pra todo mundo, espero que 2011 seja mais um ótimo ano!!

P.S. Nao sei porque, mas parece que sempre tem um P.S. com mas noticias por aqui. Acho que eh o jeito dos indianos de novo. Eles nunca falam a verdade direto pra vc. O nosso chefe da ONG saiu da cidade ontem a noite, pra Bangalore, e deve ficar la por mais uns tres dias. O que quer dizer que a nossa viagem foi adiada novamente. Alem disso, o pessoal da AIESEC nao ta conseguindo entrar em contato com ele, ou seja, a gente nao pode mudar de apartamento por causa disso. Eu realmente nao sei mais o que vai acontecer daqui pra frente. Sera que a gente vai conseguir trabalhar alguma hora? Isso seriamente da um desanimo. Voltamos para a ONG hoje porque ele disse que precisava da ajuda da Jan com algumas coisas segunda de manha, soh pra descobrir que ele nem esta aqui na cidade. A India tem realmente sido uma grande decepcao, serve pra mostrar que boas intencoes e boa vontade soh te levam ateh um certo ponto neh? E o que fazer quando nao se pode confiar nunca que as pessoas estao nos dizendo toda a verdade?