quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Muitas coisas!!

Olá!! Estava sem conexão com a net, mas escrevi os textos no laptop. Então, leiam a postagem anterior primeiro, ok?? E comentem nas duas!! Um monte de coisa aconteceu depois disso, mas vai ficar pra próxima, ok?

Olá a todos!! Faz um século que eu não posto nada. E eu ainda postei o que eu escrevi antes só agora, isso porque eu disse que ia tentar postar dia 12!! E hoje já é dia 22... Como pode não? Essas semanas foram bem ocupadas com várias atividades, e até que nem tanto com o trabalho, ou pelo menos, menos do que a gente deveria. Contei sobre o orfanato semana passada, né? No final, fomos apenas dois dias para o orfanato, porque os dias seguintes estavam uma loucura por causa do feriado. Apesar do feriado ser apenas na sexta-feira, aqui é a Índia e eles prolongam o feriado meio que à vontade parece. Ou talvez muitas pessoas tenham que viajar vários dias pra chegar em casa.

Os dois primeiros dias de trabalho foram mega cansativos. A gente chegou na hora do almoço os dois dias, e a gente voltou por volta das 4 da tarde. Isso quer dizer chegar em casa só umas sete da noite, tendo saído por volta das 8 ou 9 horas da manhã. Mas a verdade é que, eu não acho que eu tenho energia pra ficar muito tempo com a criançada. Eu gosto de crianças, eu juro que gosto, mas eu não tenho tanta energia pra ficar ‘atraindo’ elas com atividades. Acho que essa é a vantagem dos cuidadores, eles podem deixar as crianças meio que brincando sozinhas. A gente, por outro lado, precisa ficar gritando e tentando chamar a atenção de todo mundo, e ainda por cima, eles não entendem a nossa língua direito, então a gente tem que ficar se contorcendo pra fazer a coisa andar. No primeiro dia a gente não tinha nada planejado, porque afinal a gente nem sabia como o lugar ia ser. Mas a Donna e a Nadine são super jeitosas com as crianças e sabem várias brincadeiras e musiquinhas em inglês pra ficar ensinando, tipo “head, shoulders, knees and toes” ou “If you’re happy and you know it...” e ficavam fazendo as dancinhas pras criancinhas imitarem. Acho que foi bem novidade pra elas. A gente fez algumas brincadeiras também, e aprendeu a jogar um jogo que eles jogam o tempo todo por lá, Cawram, ou algo do tipo, sei lá, que se joga dando um peteleco em umas pecinhas redondas e você tem que derrubá-las em uns buraquinhos nos cantos do tabuleiro, tipo sinuca. É dificinho pegar o jeito de empurrar as pecinhas, e a criançada é muito boa. Me dá a impressão de que elas não tem muito mais o que fazer além disso, sabem? Isso é um pouquinho triste, mas difícil de se resolver. No dia seguinte, a gente preparou uma atividade com glitter pra explicar sobre a importância da higiene e talz, e a criançada se divertiu pra caramba com a cola com glitter que eu encontrei pra levar. A gente fez cartões de Happy Pongal, e ficou brincando até todo mundo estar cheio de glitter. Depois foi hora da conversa séria, e a menina que ajuda a cuidar ficou traduzindo pra gente. As crianças prestam muita atenção, elas são super comportadas e interessadas em tudo o que a gente estava tentando dizer. Foi super bonitinho. A gente preparou atividades pros outros dias com frutas, mas a gente não conseguiu ir pro trabalho. A cidade estava uma loucura! XD não lembro o que a gente acabou fazendo. Acho que a gente foi jantar em um restaurante chamado Paradise, onde a gente encontrou o pessoal do Himanshu’s (é assim que a gente chama o apartamento onde eu fiquei logo que eu cheguei aqui), o Nurjan do Cazaquistão, a Sybil do Haiti, o Medhat do Egito, o Anthony da Nigéria, a Sophie de Taiwan. E nós claro, eu e a Pri, a Jan, Donna e Nadine. Foi divertido, e a comida estava muito boa. No dia seguinte, depois de tentar ir pro trabalho conseguimos lugar pra ficar no Himanshu’s e nos mudamos pra lá. De noite, fomos no Hard Rock Café Hyderabad, depois de andar um pouco pelo shopping. Foi legal, bem diferente de tudo aqui. Banda de rock ao vivo, um ambiente totalmente diferente do que a gente está acostumado a ver por aqui. Mas mega caro. Tinha couvert artístico também. Mas pelo menos eu comi meu hambúrguer de carne de vaca, apesar de pagar o preço por isso. xDDD

No dia seguinte, fomos pra Shilparamam em Hitech city. Acho que escrevi sobre isso no blog, em alguma das passagens curtas pela net. Falei sobre as coisas que eu comprei né? Depois fomos no super shopping. Foi divertido. Acho que saímos ainda depois disso, fomos no club 8 encontrar os meninos para nos despedirmos da jan. Foi divertido, e depois fomos pra um clube chamado sixth element, onde o Eeshan ia discotecar. Como sempre, o lugar estava vazio, mas a gente se diverte por conta própria. Tinha uma menina russa, um queniano, um indiano que já foi pro Brasil. Conheci a japonesa que estuda no Canadá e foi fazer uma pesquisa na Sanfran. Depois desse clube que deve ter fechado por volta da uma e meia da manhã, o plano era encontrar mais um aberto, mas a gente não conseguiu porque a polícia estava fazendo rondas pela cidade. Então a gente foi buscar a Belle, de Taiwan em Paryatak Bhavan. E parou perto de casa pra comer Chicken Sharma às 3 ou 4 da manhã na rua, depois de esperar um tempo pra Polícia ir embora e a ‘lanchonete’ reabrir. A gente também teve que ir andando, porque o Ani não tem carteira de motorista, assim como quase nenhum dos outros AIESECers, e todos são menores de idade por aqui. Foi um dia divertido.

No dia seguinte a gente foi almoçar no Point Pleasant pra nos despedirmos da Jan, e comemos Biryani de novo. De tarde fomos levá-la pro ponto de ônibus, e depois fomos até a casa do Neeraj pras comemorações de Sanskriti, Pongal, ou sei lá como se chama. Fomos empinar pipas no terraço do prédio dele, e foi super legal. De noite eles amarram umas lanternas de papel com velas dentro na linha da pipa e fica lindo ver as lanternas flutuando no céu. Depois disso, ainda comemos na casa dele a comida da mãe dele que é super legal e nos convidou pra voltar lá alguma hora. Ela é artista, e é muito boa! ^^ foi super divertida a tarde, o céu indiano com as milhares de pipas voando, ser ‘co-pilota’ do Ani tentando cortar as linhas das outras pipas, amarrando as linhas com cerol, e o pôr-do-sol ao fundo... sabe, o Du disse outro dia que estava preocupado comigo porque as coisas aqui estão sempre ruins, mas ao mesmo tempo sempre estão boas, e ele estava preocupado com o que isso quer dizer e tal, mas acho que é isso sabe, as condições estão sempre meio ruins, mas ao mesmo tempo, a Índia é tão maravilhosa, e estar aqui agora, escrevendo, ouvindo a conversa da Pri com a Akari, com as taiwanesas, e isso é simplesmente maravilhoso, tanto que eu estou disposta a enfrentar qualquer situação de moradia pra ficar aqui com essas pessoas. Eu já estou começando a ficar triste que daqui a duas semanas é bem provável que eu esteja deixando Hyderabad pra ir viajar, e parece que eu quase não tenho mais tempo pra passar aqui com os meus amigos. Por outro lado, parece que o trabalho nunca vai acabar... =P

Depois de tudo isso, eu ainda sai com a Jenita, porque eu tinha prometido e ela estava me abrigando na casa dela, apesar de eu não estar realmente com vontade de sair. A gente saiu pra uns lugares chiques, que ficavam em hotéis, e só um pessoalzinho muuuito high society. Eu tinha um ‘par’ pra noite, que era um saco, porque ele estava dando em cima de mim muito insistentemente nas primeiras horas, e é claro que eu não estava nem um pouco a fim. Pra piorar as coisas ele é personal trainer de celebridades por aqui, então imagina como eu estava feliz com a situação. De qualquer modo, eu queria ter ido uma vez porque eu estava super curiosa pra ver como era essa cena noturna de hyderabad, e eu até fui num hotel sete estrelas com vista pro lago. O lugar era realmente lindo, e o cara finalmente parou de dar em cima de mim, e ele não era a pior companhia que eu poderia esperar. Se ele tivesse só ficado conversando normal desde o início a noite até poderia ter sido um pouco divertida. Depois disso, fomos comer Sharma em algum outro lugar, e estava uma delícia. E daí voltamos para casa.

Dormi umas duas horas e acordei pra ir pra Ramoji Film City com a Donna, o Medhat, a Ruth (Filipinas) e a Sophie. Imaginem como eu estava cansada. Mas o passeio foi legal. A gente viu alguns cenários realmente bonitos, como o interior de um palácio, alguns jardins, etc. Conheci melhor o Sohil, que é amigo da Donna, e ele é bem legal também. A gente foi num brinquedo daqueles que giram até vc ficar de ponta cabeça, e eu fiquei comentando com ele sobre como o que dava mais medo era o fato da gente estar na índia, e será que aquele brinquedo era seguro? xD foi bem divertido, a gente fez um tour pelo lugar, foi em alguns dos brinquedos deles com filminhos toscos, comeu junk food o dia todo. Foi um pouco assustador de tarde quando a Donna desmaiou, ela simplesmente caiu dura no chão uma hora, e demorou um tempinho pra gente conseguir acordá-la. Mas ela me contou que isso acontece de vez em quando, e que ela só precisa descansar um pouco que tudo fica bem. Foi um bom dia, apesar de bem cansativo. Depois de tudo isso, ainda fomos no Club 8. Engraçado né? Me levaram em todos aqueles lugares chique, e a gente foi no Hard Rock Café, mas eu ainda prefiro ir pro Club 8 encontrar os meninos da AIESEC e tomar uma cerveja normal. Sei lá, é melhor, eu fico mais à vontade, e a companhia é melhor. O lugar é engraçado porque quase que só tem homem, e depois das onze eles levantam e começam a dançar, mas a gente se diverte com isso... xDD Aparentemente ele tem o apelido de ‘gay club’... Mas é claro que não é de verdade, afinal estamos na Índia, né?

A gente deveria voltar pra dormir na ONG no domingo, mas é claro que eles nos disseram que a gente não podia voltar. Domingo não teve problema, mas depois na segunda-feira a gente ficou sabendo que eles não iam voltar e que a gente não podia ir dormir na ONG até pelo menos quinta-feira, porque a ONG estava mudando de endereço, e o prédio ia ficar fechado. A gente foi conversar com o pessoal segunda-feira, explicando que a Donna precisava das coisas dela porque ela ia viajar terça de manhã, e a gente conseguiu convencer o pessoal a deixar a gente dormir lá segunda de noite. A gente não foi trabalhar não sei porque, acho que por causa dessa confusão lá com a ONG. A gente sabia que eles iam se mudar pra um lugar novo, mas eles nunca disseram pra gente quando. E daí o Ani ficou um pouco bravo comigo e com as meninas, porque foi a gente quem insistiu pra que eles deixassem a gente não ficar na ONG. É que a gente ficou super amigo do pessoal de lá, e a gente não queria que eles perdessem o festival em suas próprias casas. Mas daí ficou parecendo meio que culpa nossa, porque se a gente não tivesse saído, o problema poderia ter sido diferente. De qualquer forma, o que o Sam, nosso chefe, queria que a gente fizesse fosse ir morar no orfanato. Ele estava prometendo que a gente ia terça e quinta-feira a gente estaria de volta, pra morar na nova ONG. Agora eu sei que era mentira, porque eles ainda não mudaram, mas na hora eu estava quase acreditando e indo, apesar de eu já saber que eu não posso confiar na palavra dele. Mas me falaram pra não fazer isso, que se a gente fosse, a gente não voltava mais. Era verdade, ao que parece. A gente ainda estaria lá. E ainda aconteceram outras coisas que fizeram eu perceber que foi mesmo uma boa decisão não ir pra lá. A gente ficou um tempão conversando com o Sam, e no final das contas, ficou tudo na mesma. A Belle foi com a gente, e ela ficava tentando falar às vezes do problema dela, mas que não tinham nada realmente a ver com a conversa do momento e a gente tinha que pedir pra ela ficar quieta às vezes. A Belle é uma pessoa ótima, mas ela é muito agitada e impulsiva, e nada paciente. Ela também soa muito agressiva frequentemente. Então às vezes é um pouco problemático. Eu já falei sobre as dificuldades com os chineses né? xDD Lembrei que segunda-feira eu fui de manhã almoçar com a Belle e um novo chinês, Anson, em um café perto do Himanshu’s, e ele ficou me ensinando sobre história e política da China. Esse menino é membro júnior do partido comunista, e está tentando se tornar membro adulto. Então foi uma conversa interessante, porque finalmente encontrei alguém que entende da política da China. Depois disso, a gente foi em um outro café, usar a internet wireless pra fazer algumas pesquisas. E só depois disso a gente foi pra ONG, já de noitinha. No final, só fizemos isso. Terça de manhã, a Donna desistiu de ir viajar. Ela decidiu ficar aqui com os amigos e aproveitar assim a ultima semana dela, ao invés de ir viajar com os meninos, com o Nurjan e o Medhat. O Nurjan é um cara legal, sabe um monte de coisas, mas ele vive no mundo dele, fala sempre umas coisas aleatórias que eu não entendo, ou seja, juntando a isso o sotaque, é sempre difícil entender o que ele está querendo dizer. O Medhat também é legal, mas ele tem algumas coisas estranhas. Tipo ficar me dizendo que uma vez que eu tenho cérebro e sei pensar, se eu ler o Corão eu vou ficar completamente convencida de que aquilo é verdade e vou me converter ao islamismo, porque é a atualização mais recente da religião cristã. Eu não me importo de conversar sobre religião, eu realmente gosto, mas ele tinha uma certeza muito grande de que ele estava certo, e isso era muito estranho. Tipo, nada do que eu dissesse poderia fazê-lo mudar de opinião, e pra ele é inconcebível que o mundo possa existir sem um plano ou vontade divinas. Bom, considerando que ele é um egípcio, e o Egito é um país mais de 90% islâmico, acho que isso era até que esperado né? Bom, de qualquer modo, ele é legal, mas ele tem algumas coisas culturais bem fortes, e com a Donna que é egípcia o comportamento dele é pior, porque ele se sente sei lá se compulsivamente ou algo do tipo obrigado a cuidar dela de maneira excessiva pra alguém que a conhece por menos de uma semana. Então no final ela achou melhor ficar.

Bom, terça de manhã eu e a Belle decidimos ir pro trabalho, pra tentar descobrir afinal o que é que eles queriam da gente. Porque até aquele momento, a gente ainda não sabia o que é que a ONG queria de nós. Só falaram que a gente ia trabalhar na escola dando aulas, e mais nada. O problema é que nosso trabalho não era ensinar, era trabalhar com ONGs, ou seja, está tudo diferente, não é mesmo? Mas ainda não desisti do trabalho, porque eu esperei muito tempo pra poder ter alguma coisa pra fazer. De qualquer modo, nós chegamos lá, fomos ver a escola, nos apresentamos nas salas de aula, etc, e perguntamos o que é que eles queriam que a gente ensinasse, e ele disse Social Studies e Conhecimentos Gerais. Eu perguntei se ele tinha os livros pra que a gente pudesse estudar o conteúdo, e ele arranjou alguns, mas ele queria que a gente começasse a dar aula naquele mesmo dia. Eu disse que não tinha condições, que a gente não era professora, que não era esse nosso propósito original, e que a gente precisava estudar os livros pra poder dar algumas aulas. Ele disse que a gente teria tudo que precisasse na biblioteca do orfanato, e que a gente podia usar internet em Hayat Nagar quando a gente precisasse. Também perguntei pra ele sobre o tempo de trabalho. Ele explicou que os alunos estudam 6 períodos de 45 minutos, e que a gente podia ensinar por 4 períodos, cada uma em salas diferentes. Daí ele falou pra gente chegar umas onze horas e ir embora lá pelas 3 e meia. Mas eu perguntei se a gente não podia chegar nove e meia da manhã e dar aulas só durante os quatro períodos antes do almoço, e ele parecia não exatamente feliz, mas disse ok. Então ficou combinado com ele que a gente ia trabalhar todo dia de manhã, e que depois disso a gente ia embora. Daí a gente foi embora pra ONG, e a gente ficou conversando sobre o que a gente ia fazer depois. Porque aparentemente a única opção seria ir morar no orfanato. Então a gente decidiu que a gente ia parar de esperar por um lugar, e pagar aluguel pra ficar em algum outro lugar, em um apartamento. O Ani foi lá na ONG e ele disse que tinha um lugar onde a gente poderia ficar, que tinha alguns chineses indo morar lá, e teria espaço se agente quisesse. Nessa hora a Priscila e a Belle ficaram super excitadas com a idéia e com o preço e começaram a gritar de alegria, e eu e a Donna ficamos tentando mandar elas ficarem quietas, porque é estúpido ficar toda feliz com a proposta de um lugar que a gente nem sabe como é, e etc. No final, o Ani falou algumas coisas e as duas nem ouviram e depois ficaram achando que estavam sendo ‘enganadas’, mas foi culpa delas mesmo, e eu disse isso pra Belle. Porque ela falou que não estava sabendo de algumas coisas, só que essas coisas tinham sido ditas. De qualquer modo, fomos visitar o lugar, e agora ele é a minha casa. Nos mudamos naquela mesma noite. O lugar não é muito bom, e não tem nada, mas pelo menos é nosso, a gente pode fazer o que quiser, e cuidar dele como achar melhor. Também estava bem sujinho. Ainda está na verdade. O problema maior é que se a gente deixa a janela aberta, entram vários pombos, e dá pra ver que o apartamento ficou vazio por um tempo, e teve alguns inquilinos indesejáveis. A gente teve que limpar um monte de sujeira de pombo já, e os pombos pousam no nosso varal, e entram na cozinha se a gente deixa a porta ou a janela aberta. A gente precisa encontrar um jeito de deixar os pombos pra fora, e logo!! As meninas estavam um pouco incomodadas com a situação, de terem que vir pagar aluguel e tal. Mas o que eu acho é que a nossa acomodação gratuita está garantida, embora talvez não com as condições que se esperaria. E teoricamente a gente pode voltar a morar na ONG. Então pra mim, pagar aluguel foi uma escolha, e eu vi o lugar, e eu achei que dava pra gente sobreviver aqui. Então eu não reclamo de muitas coisas. Da falta de água, etc, problemas que não eram previsíveis. A AIESEC daqui ainda tem algumas tarefas a cumprir por aqui, mas acho que as coisas vão se ajeitar.

De qualquer modo a situação é que a gente tem um apartamento novo, que ainda precisa de muitos retoques, mas que pra mim ainda está melhor do que estava antes. Eu estou com saudades dos nossos amigos da ONG, mas estou feliz de estar morando com novos amigos. Morar com os chineses é um pouco cansativo às vezes. Eles são ótimos, e quase não ficam falando em chinês entre eles, mas a dificuldade é na comunicação. Porque eles têm uma dificuldade enorme, e eu já fiquei com vontade de comprar um gravador pra eu não ter que ficar repetindo tudo o que eu falo. E eles nunca entendem direito o que a gente diz, e no celular então é uma desgraça. Eu tenho dificuldade de entender as coisas pelo celular, especialmente quando tem muito barulho, mas ontem eu já acabei perdendo a paciência com a Belle no telefone, do tipo desisto de tentar falar com você. E a tina sempre responde com ãh?! e a gente tem que repetir uma ou duas vezes. Sei lá, eles parecem quase todos ter a cabeça nas nuvens e não entender o que acontece à volta deles. Outro dia a Tina colocou cimento pra lavar as roupas dela achando que era sabão em pó, e eu falei pra ela que não era, e ela ficou só um tempão olhando para o pacote perguntando o que é cimento... E ela conseguiu esquecer o laptop no auto, não sei como, e percebeu mais de 3 horas depois, e elas ligaram pro pessoal da AIESEC, mas não há muito que se fazer nessa situação, né? Não acho que alguém vá devolver...

Bom, no dia seguinte fomos aprender o novo jeito de ir pro trabalho, porque desse endereço o caminho tem que ser diferente. Pegamos um caminho que não deu muito certo, demoramos três horas pra chegar, mas chegamos. E chegando lá, nos mandaram direto pra várias salas, cada uma em uma, sem nem saber o que a gente tinha que fazer direito. E eu preciso dizer: é muuuito difícil. Primeiro que a gente não tinha expectativas de vir pra Índia pra dar aulas. Depois, que as crianças não entendem inglês. É um desafio enorme estar lá. Porque as crianças menores perdem o interesse em ouvir a gente, já que elas não entendem. Então é difícil conseguir arranjar jeitos de conversar com elas. No outro dia, me mandaram pro jardim de infância. Mesmo eu tentando ensinar algumas musiquinhas, e brincando com eles, tentando ensinar nomes de esportes com mímicas, eu só conseguia a atenção de metade deles, e o resto ficava desenhando ou escrevendo ou qualquer outra coisa. Só a turma do quinto ano me entende, e com eles eu estou trabalhando de pouquinho em pouquinho. O resto é bem mais difícil. As professoras às vezes ficam traduzindo, e saí é melhor. Mas aí, qual o sentido de nós estarmos lá? Não faz sentido. As professoras, que falam a língua das crianças podem dar esses conteúdos melhor do que a gente, porque a gente também não entende mais das matérias do que qualquer pessoa. Tá certo que as professoras também não são formadas nem nada, mas elas estudaram esses conteúdos na escola e falam telugu. Parece que eles só querem a gente lá pras professoras ficarem um pouco sem fazer nada. Sei lá o que a gente é pra eles. Ao mesmo tempo que eles querem que a gente substitua o professor de Estudos Sociais, também parece que não importa o que a gente ensina. O Mr. Malkene disse que se não der pra dar o livro, a gente pode ensinar Inglês. A gente também pode ensinar na verdade qualquer coisa que a gente quiser... e no intervalo entre as aulas, as professoras ficam mandando a gente brincar com as crianças. A gente não tem um segundo de descanso quase, e todo mundo ainda quer que a gente dê mais. Quer que a gente fique mais tempo, que a gente dê as aulas da tarde também, e as professoras ficam assistindo. Querem que a gente leve doces, e protetor solar, e imprima fotos pra dar pra eles. Eles não querem voluntárias, eles querem substitutos e recursos. Acho que é só isso que a gente representa pra eles, estrangeiras com dinheiro. Na quinta-feira aconteceu uma coisa extremamente desagradável. Roubaram nosso dinheiro na escola. Pegaram das nossas bolas. Pegaram 1000 rúpias de mim. E pegaram a minha câmera digital também. A gente percebeu quando estava indo pegar o ônibus de volta, então eu liguei, e eles ‘acharam’ a minha câmera, que eu não tinha nem tirado da bolsa, caída em um canto. Pelo menos eu peguei minha câmera de volta, mas a sensação foi horrível. A gente estava indo tão à vontade pro trabalho todos os dias, mas agora o sentimento é diferente né? Eu entendo que pra gente não é muito e pra eles é muita grana. Acho que foram as professoras que pegaram. Uma professora especificamente que é bem saidinha, e que fica pedindo as coisas pra gente. Sabe, é muito duro, porque elas recebem 2000 rúpias por mês. Eu tinha na carteira, pra usar no dia, metade do salário mensal dela. Mas também do que adianta a gente ficar deixando elas pegarem o dinheiro, e todo o sacrifício que a gente já fez pra chegar até lá, até ter aquele trabalho? É uma situação muito difícil, ninguém sabe o que pensar. A gente veio com idéia de ajudar crianças carentes, e não de dar dinheiro pra gente pobre. A gente nem consegue ensinar as crianças direito, e todo mundo continua exigindo mais e mais. As professoras não têm idéia de como é difícil se comunicar, brincar com as crianças no intervalo. Elas falam a língua delas, e só precisam deixar as crianças fazerem o que quiserem no intervalo. Mas elas sempre querem mais da gente. As crianças são uns amores, elas são super bem comportadas, e parecem sempre tão interessadas em aprender. Mas sem entender o que a gente diz às vezes ela perdem o interesse. É claro, né? Mas eu não sei o que fazer. A gente precisa preparar as atividades, mas eu não tenho experiência com crianças de 5 ou 6 anos que não falam a minha língua. E a gente não tem internet pra ajudar as coisas, pra poder pesquisar atividades e brincadeiras. Sinceramente, em alguns momentos eu não sei o que fazer, e a vontade que dá é de largar tudo agora que a gente nem mora mais na ONG e eles não estão dando nada pra gente. Mas ainda tem duas semanas, e eu pretendo terminar tudo bonitinho. Antes a gente queria desesperadamente trabalhar, mas agora eu só quero que acabe. Todo dia ir pro trabalho é terrivelmente assustador. Eu não sei o que vai acontecer e eu não sei o que esperar. É horrível estar lá na frente de 20 criancinhas de 5 anos e não saber o que ensinar pra elas, o que fazer com elas. Eu já decidi que pra gente, não dá pra pegar as turmas pequenas sozinho. As maiores talvez. Com o terceiro ano, a gente conseguia se comunicar um pouco, mesmo com dificuldades, mas com as pequenininhas não. A gente precisa pelo menos estar em pares. Se não a gente não consegue cuidar de tudo. É muita coisa. E agora ainda a gente tem que ficar se preocupando com os nossos pertences. No dia seguinte ao que aconteceu eu e a Priscila fomos pro trabalho mesmo assim. A Tina tinha perdido o laptop, e a Belle estava se sentindo super mal com o fato da gente ter sido roubada. Ela disse que não conseguia ir e enfrentar a situação, não conseguia ir e olhar no rosto das pessoas. Mas acho que amanhã ela vai. Veremos.

Então, como vcs podem ver, muita coisa anda acontecendo. Incluindo ao trabalho o fato de que a Donna está indo embora, e ela quer passar cada segundo do dia aproveitando, e ter que limpar a casa, a gente anda muito ocupado. Quer dizer, basicamente quem limpa a casa sou eu e a Belle. Mas tudo bem. Ela é a única que realmente entende o meu desespero pra limpar a casa. Os dois chineses parecem não se importar, e uma das taiwanesas vive no mundo da lua. E nunca tinha lavado roupa antes, então deve ser por isso. Aliás, uma coisa bizarra. Acho que em Taiwan a parte mais valorizada do corpo da mulher deve ser as pernas. Porque eu juro que as duas taiwanesas andam sem calça pelo apartamento. Eu juro que eu nunca vi uma saia tão curta, meu deus... =P é meio horrível, eu me sinto um pouco desconfortável com isso. Acho que é a cultura indiana conservadora que está me fazendo pensar assim xDDD.

Outra coisa que anda acontecendo é que a Donna está indo embora, e ela sempre quer fazer planos, mas ela nunca decide nada, e a gente fica meio que na espera e ela fica me pressionando pra decidir o que fazer. O problema disso é: eu adoro a Donna, ela é super legal, e virou uma super amiga já. Mas acontece que eu já moro com ela, e de noite, eu quero mesmo é encontrar outras pessoas. Pra dizer a verdade mesmo eu quero é sair com os meninos da AIESEC. É que eu gosto das meninas e tal, mas eu odeio girls night out. Eu acho super chato sair as menininhas e ficar dando gritinhos histéricos, tomando cosmopolitan no Hard Rock Café, tirando fotos de nós mesmas, e ficar chorandinho pra Donna não ir embora. É claro que eu vou sentir saudades, e eu não quero que ela vá embora, mas ao mesmo tempo ela é bem high maintenance pra mim. Eu prefiro sair com os meninos, é mais simples, e eu prefiro a companhia deles. Como eu disse antes, eu prefiro uma cerveja indiana no Club 8 do que os coquetéis no HRCafe. E elas queriam de novo sair de noite só as meninas, e eu não quero. Mas ao mesmo tempo é claro que eu quero passar algum tempo com ela. Na quinta de noite eu fui pro club 8 encontrar o Ani, a Pri e a Akari. Foi bem legal, apareceram mais algumas pessoas depois e eu ganhei carona pra casa de moto. Andar de moto é bem legal mesmo, e de noite é bom porque não tem o trânsito.

Bom, acho que já escrevi o suficiente. Muita coisa aconteceu e eu estou começando a pensar que logo vai acabar. Eu entendo a Donna. Minha vontade é encontrar todo mundo todo dia. Isso porque ainda tem pelo menos mais umas duas semanas... Por outro lado, isso quer dizer que logo logo eu vou estar voltando pra casa, o que também é muito bom! xDD A gente se vê pessoal, deixem comentários, ok? (E acho que quem conseguir ler tudo até o fim realmente merece um prêmio!!)

8 comentários:

  1. Oi Filha

    vamos pelo final,eu mereço o premio , pois li tudo de ambos os comentarios postados.
    bem ensinar algo de Ciencias Sociais a crianças de 5 anos , acho que não faz muito sentido, talvez fosse melhor ensinar a desenhar, fazer algo manual como dobraduras( origami), fazer pipas etc... assim você ocupa mais o tempo delas, brincar de amerelinha, e ensina algo diferente, fazer josgos de dama que é facil de fazer no papel e tampinhas de garrafas, jogar palitinho assim elas aprendem a contar, vai aí algumas ideias para você tentar, quem sabe???
    Filha, para evitar os pombos talvez colocar algum pano( tipo cortina) nas janelas já os afatem, cuidado com os piolhos e feses de pombo que são transmissores de viroses, afugentem os e mantenha afastados.( nào deixe comida a vista).
    Bem, se puder aguente aí mais um pouco e depois volte,para casa,mas o Edu , escreveu que vai para India, fazer um passeio por Nova Dheli, portanto você pode sair ao paseio e depois já retornar para Londres e Brasil...
    No carnaval reservamos o Hotel Uemura em Cunha, que aparentemente é muito bom e tranquilo, para fazermos um passeio, isso é dia 5/6 e 7 de Março, se você chegar antes pode ir conosco.
    poste mais comentarios, mas se você as dividir em dias , fica mais facil de ler, que tudo de uma só vez, eu sei que não internet facil...
    Você pode comprar o transmissor de 3 G , ou não existe isso por aí facilmente???

    beijos

    pai

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  2. Yuubicham

    A tia/tio Missae/Jorge foram passar as ferias no Chile, pelo jeito bem ao sul, pois o Jorge disse que ia beber Wiskey com gelo polar de milhões de ano...estão com eles a Batcham e a Erica...

    beijos

    pai

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  3. Não consegui ler direito tudo de novo, porque estou comendo meu kebab.
    A convivencia com outras pessoas as vezes é muito difícil mesmo. E dar aulas também... Se vc tá tendo dificuldades com a comunicação, eu estou com as crianças riquíssimas. Como ensinar finaças para elas, se elas não tem problemas com dinheiro?

    Bjs

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  4. Baatchan, Tia M, Tio J, Zeka28 de janeiro de 2011 às 01:44

    Namaste! (¡Hola!)

    Na verdade estamos na Terra do Fogo na Argentina. Nao vou nem procurar os acentos, como vcs fizeram quando voces foram para fora pela primeira vez.

    A Erika nem esta com frio, mesmo com temperaturas proximas de zero. Ela fica andando de camiseta de manga curta.

    Luis, o gelo nao tinha milhoes de anos, mas com certeza varios anos, acho que era mais velho que o whisky. Vale a pena caminhar uma hora no gelo para bebe-lo.

    CYY, como estamos com muito pouco tempo para ler dois posts gigantescos, vamos fazer depois de comer uma centolla (um carangueijo grande) ou merluza negra. Ambos sao dois dos tres pratos tipicos aqui da regiao. O terceiro vamos comer depois de amanha em um piquenique.

    Vamos tentar ler depois seus posta. A baatchan esta querendo muito saber de suas noticias, mas temos que ir ao restaurante. Aqui eh tudo com hora marcada e temos apenas 20 minutos para chegar la e o transito aqui, por incrivel que pareca, eh pior que SP.

    Bjs
    Baatchan, tia M, tio J e Zeka
    (direto do fim do mundo)

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  5. Nooossa Yubi, quanta coisa acontece por aí hein? Ainda bem que apesar das adversidades você está gostando.E o tempo está passando rápido , daqui a duas semanas você já estará partindo também , é a sua vez de deixar saudades em alguém que fica .
    Boa semana

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  6. Eu mereco um premio! Uhu! Aceito um sari! XD Brincadeira, jah vou estar mais do q contente com sua visita a Londres!

    Bom, estou vendo que as coisas sao complicadas por aih. Qnd parecem q vao dar certo nao dao, e ao mesmo tempo da tudo certo... Acho q o melhor soa as pessoas msm neh? As vezes a convivencia eh dificil pq elas sao mto diferentes, e a gente nunca seria amiga delas c n fosse nessa situacao, mas a gente abaa gostando mto dela no fim das cointas....

    Bjs!!

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  7. Oi yuu!
    Como está finalmente li tudo e agora entendi porque a mãe ligou pra você ontem!! Sobre sua matricula, me diga a data pelo menos pra saber se terei que vir para são paulo ou se ja estarei aqui!
    Bom, acho que na verdade trbalhar com crianças de 5 anos não é facil em lugar nenhum, com certeza é muito pior se elas não entendem, mas de qualquer forma são crianças...

    Beijos,
    Yuri

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  8. Oi filha, espero que a situação por aí esteja sob controle, mesmo que precariamente!
    Fiquei mais tranquila após conversar com vc no domingo pois achei que diante de tantas dificuldades, o negócio era encerrar o quanto antes o voluntariado, já que nâo há preocupação da parte interessada nem da AIESEC pela qualidade do trabalho. Mas no domingo entendí que vc realmente quer encerrar as atividades no prazo previsto - então ok, que continue tentando fazer um bom trabalho! É uma pena que seja difíl ensinar origami p/ as crianças pois é uma atividade que exige raciocínio lógigo, atenção, desenvolve a coordenação motora - e como vc comentou que elas são comportadas, achei ótimas as sugestões do seu pai.
    Estamos aguardando o seu roteiro de viagem após Hyderabad, ok?
    Bjos, cuide-se!

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Olá!!! Quem bom que você estálendo o meu blog!! xDDD
Deixe uma mensagem para mim!!!! ^^-

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