sábado, 26 de fevereiro de 2011

Da beira do Ganges

Namaste!

Como vao vcs? Estou escrevendo do hotel, em Varanasi. Teoricamente eu posso usar a net por cerca de meia hora, mas ninguem ta usando... O unico problema eh que o teclado eh horrivel. Nem da pra digitar direito... Vamos ver o quanto eu vou perseverar nessa tarefa.

Varanasi eh o lugar do fundo do blog. Essa cidade que a gente ve varias vezes em imagens sobre a India, a cidade mais sagrada de todas, na beira do Ganges. Do super poluido Ganges, com seus 1 milhao e meio de coliformes fecias por centimetro cunico de agua ou algo do tipo. O que interessa eh que eh sujo pra burro e as pessoas ainda continuam usando o rio para os seus propositos religiosos, e para as suas tarefas do dia a dia. O Ganges eh usado pra lavar roupa, tomar banho, rezar, queimar corpos nas suas margens. Isso tudo eu vi. Os homens mergulhando nas aguas escuras e fedidas. Outros remando os barcos calmamente. Outros remando com pressa. Meu remador era cego de um olho, talvez ateh fosse um olho de vidro mal feito. Essas imperfeicoes estao sempre a mostra aqui na India. Pelo menos nas classes mais baixas. Sei lah, andando por aqui cheguei a conclusao de que a minha tentativa de me aproximar da India falhou completamente. Eu toquei a superficie. Mais eu ainda sou muito egoista e auto-centrada pra dizer que eu entendi alguma coisa. Olhei tudo de cima. Do meu ponto de vista, do ponto de vista de alguem que adora Londres, e berlin e Sao Paulo por tudo o que eles tem de moderno e globalizado. Sei lah, algo do tipo. Ainda nao consigo andar tao vontade assim pelas ruas aqui. Depois de dois meses, eu ainda tenho medo. Medo dos locais, que por vezes parecem hostis. Medo de estar sendo enganada, de estar sendo alvejada. E a verdade eh que o que eh que isso custa? Um pouco de dinheiro roubado. E dai? Talvez a bolsa, talvez a camera. Sei lah novamente. Vindo de Sao Paulo, sendo uma menina viajando sozinha, como confiar nas pessoas? O guia diz: nao siga ninguem se nao quiser pagar nada. Entao eu nao sigo ninguem. Mas tem pessoas que soh querem conversar, soh querem conhecer ou ajudar. E eu me sinto mal de ignora-las... Mas por outro lado eu sou uma menina de vinte e poucos anos vioajando sozinha. E ainda por cima com cara de japonesa bobinha, que nao suspeita de nada e com grana. Porque os japoneses quase sempre tem grana por aqui =P De acordo com minhas companhias japonesas no trem, a India eh no momento o destino mais popular entre os japoneses. Por causa disso, o numero de companhias que organizam tours pra esses japoneses eh enorme. O numero de indianos com um japones que humilha o meu eh enorme. Tinha 5 japoneses no meu compartimento do trem (o compartimento eh pra 6), e tres guias indianos cuidando deles. Tinha um casal de namorados nos seus 20 anos, a menina uma japonesa perfeita com carinha de boneca e vozinha de menininha de 13 anos, agindo como se a idade mental dela fosse de uns 12 de vez em quando. Conversei quase que soh com os mais velhos. Tem um cara aqui no hotel bem legal. O nome dele eh chris e ele eh resultado de uma mistura digna de Brasil. Mais recentemente ele eh meio chines meio ingles morando em bangkok. Trabalha pras nacoes unidas entrevistando refugiados de outros paises. Mega interessante pra mim, mas um trabalho super estressante. Outro cara aqui eh o dave ou david, que tem mais de 40 anos, e faz servico social na Inlgaterra. Legal tb. Esses caras tem historias pra contar, mas juntando os 3 fica meio estranho.

Hoje nao fiz quase nada. Estava realmente cansada. Estava com vontade de silencio e paz. E nao me sentir ameacada. Nao senti isso no sul, mas aqui no norte as pessoas botam mais medo. E perto dos ghats na beira do rio eh escuro. E tem gente de mais, tentando vender, tentando te levar pra la e pra ca, te oferecendo passeios de barco, gurus, templos escondidos, tours, ensinar sobre a cultura do local. Sei lah em quem confiar. Meio assutador mesmo. Mas eh possivel relaxar no meio disso tudo. Eh soh dar um tempo. Como em qualquer outra parte da india, vc precisa de um tempo pra digerir as coisas. Amanha de manha eh possivel um passeio de barco ao nascer do sol. veremos. Voltando pro Ganges, andar a beira do ganges eh impressionante. Nao tem mais como descrever alem disso. Sei lah. Amanha talvez eu faca soh isso novamente. Hoje nao me aventurei perto do rio. Fui ateh a universidade e vi um dos museus mais tristes que eu jah vi na vida. Eh a historia esquecida e pegando poeira, largada no tempo. Metade das exposicoes fechadas. E nao aguento mais ver moedas, nao teve graca nem da primeira vez. Os indianos sao mesmo obcecados por dinheiro. Por isso metade das meninas chamam Laxmi (sei lah se escreve assim msm...), que eh a deusa da fortuna e dinehiro. Me deixou sem animo de andar e andar pra ver o forte do outro lado do rio. Atravessar o rio pela pontezinha talvez valesse a pena, mas chegar ateh a ponte nao parecia animador. Era longe, estava quente. Eu nem vi as cerimonias na beira do rio. Ouvi de longe. Mas muitos turistas e eu fiquei com medo da volta pro hotel depois de escurecer. De novo o medo. Custava pegar um auto na rua? Perdi a cerimonia hj de novo, e amanha nao da tempo. Hoje assisti o por do sol do topo do hotel, isolada. Foi um belo por do sol. As velas no rio pro Pooja estavam lindas. E o sentimento de que eu falhei nessa aproximacao nao passa. Mas eu aproveitei o dia do meu jeito. Esta bom assim tambem. Amanha tem o trem de noite novamente. No dia seguinte o aviao. E depois disso Hyderabad. E depois Londres. Muito o que fazer ainda.

Beijos a todos!
Yuubi

7 comentários:

  1. Olá Yuubi, desde que eu era estudante do colegial , já se falava que o Rio Ganges era muito poluído, por que será que ninguém faz algo de bom para ele , se tem tanta gente que usa esse rio e é tão sagrado né ? Em relaçao a confiar nas pessoas , acho que um estrangeiro que venha para São Paulo e ande pela Praça da Sé vai se sentir tão insegura como você , um monte de gente , uma confusão , mendigos , vendedores ambulantes , promotores oferecendo seguro, financiamento , sujeira e tudo o mais que traz muito medo .Só morando , entendendo a língua e tendo informações para poder andar e apreciar as ruas e lojas , mas sem relógios ou jóias para chamar a atenção .
    Boa semana e bons passeios .

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  2. Hi, My darling

    How are You doing ?
    Hope all is ok, with You, as we are here, yesterday we went to CantosdaMata, we are looking for initiate a new building.
    todau, maybe, we will try to make some Pamonha or Cural, if we can not,we'll have some corn.

    Filha, sentir um pouco de medo e insegurança, é normal, eu tambem me sentiria assim, se estivesse sozinho viajando, por um lugar descohecido e sem entender a lingua local, nestes casos os rostos ficam até mais hostis, por que não sabemos exatemente o que dizem...
    Se bem que um pouco de medo e precaução, previne uma serie de problemas.
    Aproveite seus ultimos dias na India e depois em londres, bom passeio.

    Ontem tentei enviar os comentarios por 3 vezes e nào consegui, varemos se hoje vai....
    Cuide se beijos

    pai

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  3. Olá, Yuubi-chan. Penso que para vc se aprofundar na cultura precisaria estar em companhia de indianos que já tenha morado muitos anos fora da India, pois aí eles poderão entender os seus pontos de vista.
    Quando estive no Japão certamente medo foi o que menos sentí - tudo parecia um sonho pois as pessoas sempre pareceram muito honestas e as ruas e trens por mais vazios que fossem, não causavam medo. Mas muito interessante foi uma palestra dada por um nikkei argentino que morava no Japão a 10 anos estudando a cultura, que dizia que era inevitável fazer comparações com o modo de pensar e viver do ocidente e era impossível compreender comportamentos tão arraigados nos japoneses, principalmente daqueles que nunca saiu no país.
    Enfim, por mais que tenha tocado só na superfície da cultura indiana, muita coisa mudou em vc, e sem perceber assimilou muita coisa do que viu e sentiu.
    Faça uma boa viagem de retorno p/ Hyderabad e depois p/ Londres - será muito bom reencontrar as suas amigas!
    Bjos, cuide-se!

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  4. Concordo com o que disse sua mãe e em 1987 antes do evento dekassegui, passei 3 meses na Universidade de Kyushu e apesar do orgulho de me sentir japonês, não consegui conhecer a cultura e o modo de vida dos japoneses. Levei uma cópia do passaporte do meu avô e que era da era Meiji e eles consideravam isso uma coisa exótica, tanto é que fui fazer um depoimento para NHK. No mais eles me trataram como se fosse um gaijin.
    Por mais que seja um pouco frustrante, acho que valeu a experiencia.
    Quanto ao Ganges, nós sentimos envergonhados com o nosso Rio Tietê e cobrando o que os ingleses fizeram com o Rio Tâmisa.
    Espero que os indianos que estão dizendo que vão se tornar a segunda potencia mundial daqui a algumas décadas consiga converter sua riqueza em melhoria ambiental e consequente qualidade de vida do seu povo.

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  5. Você deve estar no trem a essa hora. O seu texto de hoje estava muito bom hoje, achei muito legal. Falando em textos, aqui na Holanda os livros do Murakami, como o Norwegian Wood são muito populares. As livrarias de Amsterdam são muito legais.
    Estou melhorando aos poucos. Ainda não estou conseguindo comer e a comida que como ainda não está caindo muito bem. Espero que eu fique bem logo, pra eu parar de passar vontade, porque os supermecados daqui são uma perdição! Tem um no aeroporto que é onde vou gastar meus últimos euros pra encher a mala na hora de ir embora.
    Fomos no festival de flores da Holanda hoje e as flores são bem impressionantes. Tem muitas tulipas diferentes, que vc nem chamaria de tulipas. Tirei bastantes fotos e depois te mostro.
    Boas viagens!!
    Beijos

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  6. Marido da irmã da esposa do pai da sua irmã27 de fevereiro de 2011 às 20:53

    Namaste

    CYY, será que tocar nas águas do Ganges é a mesma coisa que andar nas enchentes diárias de SP?

    Sexta, ao voltar da faculdade, um estrangeiro vestido como um grunge apareceu próximo do ponto de ônibus onde eu aguardava minha condução (que termo velho!). Ele tentou se aproximar de uma mulher que se afastou rapidamente dele, com cara de assustada. Ele perguntou para um senhor onde se pegava um ônibus para a Augusta. Que coisa interessante! No momento que o senhor começou a tentar explicar como fazer para chegar lá, várias outras pessoas também quiseram ajudar. No fim, a primeira mulher acompanhou o sujeito até o ponto onde ele poderia pegar o ônibus para o destino que ele procurava.

    Imagino a razão do receio da mulher (mora em SP), mas imagino que ele também deve ter se sentido bem desconfortável tentando pedir ajuda para estranhos que estavam em um ponto de ônibus à noite e em um local em que não se recomenda ir à noite.

    As suas sensações são as que ambos sentiram. Nós tememos um pouco o desconhecido, mas para conhecer verdadeiramente às vezes necessita de um primeiro passo, de um pouco de confiança. Acho que pelos posts que você escreveu nesses 2 meses, o seu conhecimento da cultura desse país ultrapassa em muito o que a maioria dos que vão para aí conseguem perceber.

    Acho que você colmatou bem sua experiência. Aguardamos a exposição de fotos ansiosamente.

    Abs

    PS. a irmã da esposa do pai da sua irmã manda um beijo e diz que sente saudades.

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  7. Yubi, que legal suas aventuras por aí...mas concordo com todos, este "medo" pode ser bom.... e vc tem o pé no chão, quando estiver claro e seu coração disser vá, vá! mas qdo se sentir insegura, não vá...use seu sexto sentido feminino a seu favor.

    Me parece incrível essa sua vontate de não apenas tocar o exterior da cultura mas se aprofundar mesmo....mas com certeza seria necessário mais tempo, uma vez que a India me parece alé de densa, muito diverificada ou até bagunçada em vários aspectos, inclusive o religioso.

    Bom resto de viajem!

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Olá!!! Quem bom que você estálendo o meu blog!! xDDD
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